O planeta Terra já passou por cinco extinções em massa. Quatro delas foram causadas por alterações climáticas. Apenas a última, que extinguiu os dinossauros, foi causada (acredita-se) por um meteorito. Estes e outros animais morreram com o impacto ou com a falta de alimentos posterior: a energia do sol não chegava à Terra devido às poeiras, o que impedia a fotossíntese. Foi um momento de mudança que ocorreu de forma lenta, até chegar à atualidade, em que os seres humanos fazem parte da grande massa de mamíferos que habitam este planeta.
No livro “A Terra Inabitável”, de David Wallace-Wells (Editora Leya, 2019), a cronologia destes fenómenos é resumida desta forma: “há 450 milhões de anos morreram 86% de todas as espécies; 70 milhões de anos depois, 75%; 125 milhões de anos mais tarde, 96%; 50 milhões de anos depois, 80%; 135 milhões de anos depois disso, 75%”.
Este jornalista, tal como outros que se dedicam ao tema das alterações climáticas, alinhados com a investigação de vários cientistas, não têm dúvidas sobre o facto de estarmos a viver a era da sexta extinção, a que chamam de Antropoceno, porque é causada por atividades humanas.
É disso que também nos fala o livro “A Sexta Extinção”, de Elizabeth Kolbert, e livros como a “Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson, escrito em 1966. Os alertas não são de agora. Podemos recuar até ao século XIX, quando a Revolução Industrial avançava a todo o gás, para ver que muitos investigadores perceberam o impacto que estavam a ter certos sistemas, incluindo o da agricultura intensiva.
Se para alguns pode parecer alarmista considerar que a vida na Terra está em risco, para outros basta olhar para a cronologia dos factos. Aquilo que demorou milhares de anos a acontecer no passado, agora sucede-se a uma velocidade estonteante, tão acelerada que quase não existe espaço para relativizar os acontecimentos. Em 200 anos extraiu-se matéria orgânica que estava a ser formada há milhões de anos. Com os métodos de extração, vieram a emissão de gases com efeito de estufa, que estão a aquecer a atmosfera e a tornar a Terra inabitável. Ela continuará a renovar-se, há sempre uma percentagem que sobrevive, mas não é certo que os seres humanos estejam incluídos nessa percentagem.