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Bernardo Simões de Almeida

“Carne: A Pegada Insustentável”, um documentário português para o mundo

26 Apr 2024 - 09:00
Depois de uma primeira apresentação nas salas em novembro do ano passado, estreou na plataforma WaterBear o documentário “Carne: A Pegada Insustentável”, realizado por Hugo Almeida e produzido pelo eurodeputado Francisco Guerreiro.

Trata-se do primeiro documentário português a expor as consequências da alimentação a partir da proteína animal do ponto de vista da saúde humana, mas também para o meio ambiente e alterações climáticas.

Produzido pelo eurodeputado Francisco Guerreiro, antigo assessor parlamentar do PAN e realizado por Hugo Almeida, “Carne: A Pegada Insustentável” conta com mais uma dezena de entrevistados, entre eles o jornalista/ativista britânico George Monbiot, o nutricionista português Gabriel Mateus e o próprio Francisco Guerreiro.

Porém, apesar do role de entrevistados de renome, o destaque vai para as entrevistas a anónimos de várias idades e gerações, nomeadamente aquela que é feita a uma neta e uma avó. É nesta conversa que se encontra um dos temas mais importantes deste documentário, que é a ideia de que o consumo de carne é um hábito tradicional enraizado na cultura e assente em pressupostos ligados à ideia do poder e da força, mas também numa certa ignorância.

“Carne: a pegada insustentável” acaba de arrecadar o prémio de “Melhor Documentário” no festival Frankfurt Indie Stars Film Festival e está nomeado para melhor filme português do ano no Fantasporto 2024.

Francisco Guerreiro chama também a atenção para a influência que o lobby agroalimentar tem nas decisões políticas, em especial no que diz respeito à tomada de consciência. Por um lado dos problemas inerentes a uma indústria que polui o planeta e adoece a população, e, por outro, das vantagens e soluções que uma dieta vegetal pode trazer.

O documentário inclui também alguns exemplos de soluções que juntam a dedicação da sociedade civil e da comunidade médica. É o caso de um hospital no Líbano onde os pacientes são alimentados com recurso à dieta vegan, naquilo que Selim Hayek, o médico por detrás desta iniciativa, considera ser um dever deontológico.

Um outro caso que merece destaque é a Quinta das Águias, em Paredes de Coura. Liderado pela psicóloga e escritora portuguesa Ivone Ingen Housz, autora de livros como Semear o Futuro, este projeto visa ser um santuário de animais e uma ponte de ensinamento sobre a senciência animal, a biodiversidade e a alimentação vegana.

O documentário visitou um hospital no Líbano, onde os pacientes são alimentados com recurso a uma dieta vegan.

Para conseguir fazer passar esta mensagem e consciencialização, Hugo Almeida, além das entrevistas, faz uso de imagens aéreas que retratam o estado atual desta pegada insustentável, bem como de gráficos e dados, como o facto de o ser humano representar 0,01 de toda a vida na terra e ser responsável pela destruição de mais de 80% dos mamíferos selvagens. São igualmente presentadas imagens chocantes da forma como a indústria pecuária opera e aquilo que faz aos animais.

Diz Hugo Almeida: “O nosso objetivo desde sempre foi desenvolver um conteúdo capaz de cativar, sem deixar de mostrar, contudo, a realidade dos dias de hoje na Europa, incluindo em Portugal, que pudesse ser acessível a todos os interessados”.

“Carne: A Pegada Insustentável” teve já reconhecimento internacional e ganhou prémios. Depois da nomeação para melhor filme português do ano no Fantasporto 2024, foi agora galardoado com o prémio de melhor documentário pelo Frankfurt Indie Stars Film Festival.

Em declarações à imprensa, Francisco Guerreiro disse que “este prémio é uma honra para todos os que participámos no projeto, mas o que esperamos verdadeiramente é que ajude a dar-lhe ainda mais visibilidade e, desse modo, o possa fazer chegar ao conhecimento de cada vez mais pessoas”.

As mensagens principais de “Carne: A Pegada Insustentável” são: o ser humano está a matar os animais e estes a matar o ser humano e que o verdadeiro ato de rebeldia é transitar para uma dieta vegetal, retirando o poder da indústria agroalimentar e mudar a cultura para que as gerações vindouras não cometam os mesmos erros do passado

O documentário pode agora ser visto, forma gratuita, na plataforma WaterBearde.