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Pureza Fleming

Qual o impacto da internet no meio-ambiente?

29 Mar 2024 - 10:00
O impacto do digital no ambiente é multifacetado e depende de vários fatores, incluindo não só a forma como as novas tecnologias são utilizadas, mas também o modo como são criadas e geridas. É assim importante considerar tanto os potenciais benefícios quanto os impactos negativos, de modo a promover uma inovação, também ela, cada vez mais sustentável.

À partida, até pode parecer inofensivo, quando, com um simples clique no rato, se envia mais um email, sem nunca nos questionarmos que repercussões este gesto tão presente e automatizado no nosso quotidiano poderá ter, ou não, no ambiente.

Acontece que toda a infraestrutura digital, desde os centros de dados aos dispositivos eletrónicos, passando pelas grandes empresas de tecnologia, consome grandes quantidades de energia, o que poderá resultar em emissões significativas de carbono, pois o aumento da demanda por eletricidade pode contribuir para a emissão de gases de efeito estufa, especialmente se esta for proveniente de fontes não renováveis.

Para sermos específicos, a pegada de carbono dos nossos dispositivos, da Internet e dos respetivos sistemas de apoio representa, segundo calculou a BBC em 2020, “cerca de 3,7% das emissões globais de gases de efeito estufa, de acordo com algumas estimativas”.

Ainda de acordo com o mesmo artigo, “embora a energia necessária para fazer uma simples busca na Internet ou enviar um email seja pequena, aproximadamente 4,1 mil milhões de pessoas (53,6% da população global) estão hoje conectadas. Ou seja, estes pequenos fragmentos de energia e os gases de efeito estufa associados a cada atividade online terão de ser sempre multiplicados”.

Por outro lado, prossegue a estação inglesa, “se as 1,7 mil milhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa que se estima serem geradas na produção e operação de tecnologias digitais, fossem divididas entre todos os utilizadores da Internet no mundo, tal significaria que cada um seria responsável pela emissão de 400g de dióxido de carbono por ano”.

Segundo a BBC, em 2020, cada ultilizador de internet “seria anualmente responsável pela emissão de 400g de dióxido de carbono”.

No entanto, esta conta não é assim tão simples, pois estes valores podem variar consoante a região do mundo onde cada utilizador se encontra. Por exemplo, um estudo realizado já há cerca de uma década concluiu por exemplo que um utilizador médio de internet na Austrália emitia o equivalente a 81 quilos de dióxido de carbono (CO2e) na atmosfera.

E apesar das melhorias na eficiência energética e o cada vez maior uso de renováveis possam ter reduzido estes números, ainda continuam a ser os cidadãos dos chamados países desenvolvidos que mais contribuem para a pegada de carbono da Internet.

Reduzir a frequência de troca de dispositivos eletrónicos pode ajudar diminuir a pegada de carbono.

Individualmente, reduzir a frequência de troca de dispositivos eletrónicos pode ajudar diminuir a pegada de carbono, pois o processo de produção e transporte desses aparelhos também contribui bastante em termos de emissões.

Outras mudanças, porventura até mais simples, como evitar o envio de emails desnecessários, podem também contribuir para evitar mais algumas emissões. E a pegada de carbono da Internet, especialmente a que resulta de pesquisas online e do consumo de media digital, pode também ser reduzida com o uso de mecanismos de busca e serviços de nuvem que adotam práticas sustentáveis.

Por outro lado e paradoxalmente, o digital pode também facilitar a implementação de modelos de economia circular, permitindo a reutilização, reciclagem e remanufactura de produtos eletrónicos, reduzindo assim a necessidade da extração de novos recursos.

Em suma, também no mundo virtual a consciencialização sobre o impacto ambiental de cada ato e a consequente adoção de práticas mais sustentáveis, pode contribuir para a redução das emissões de carbono associadas – neste caso – neste caso, à internet.