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Sara Pinho

Como será o mercado da energia em 2050?

4 Apr 2024 - 09:54
O relatório “Low Emissions Scenario 2023”, elaborado pela Statkraft, uma empresa norueguesa que se dedica à produção de eletricidade renovável e ao mercado de contratos de compra e venda de energia, prevê que, até 2050, mais de 80% da energia consumida no mundo será renovável.

Em comunicado, a Stakraft indica que, segundo o relatório “Low Emissions Scenario 2023”, publicado recentemente por esta empresa norueguesa, a produção mundial de eletricidade será dominada pela energia solar e eólica, que irão crescer 22 e oito vezes, respetivamente, assim como pela bioenergia e pela energia hídrica. Isto traduz-se numa redução em 77% das emissões de dióxido de carbono (CO2), comparativamente aos níveis registados em 2021.

Mas o que pressupõe chegarmos a 2050 com este valor em Portugal? De acordo com a Statkraft, “será necessário reforçar e modernizar as redes elétricas e apostar na reestruturação do sistema elétrico, tornando-o mais flexível através do armazenamento e da eletrificação do consumo, como por exemplo a mobilidade elétrica e o hidrogénio verde”, indica João Schmidt, diretor de Desenvolvimento de Negócio da Statkraft em Portugal, em resposta por e-mail ao Green eFact.

Além disso, será “crucial agilizar o licenciamento e apostar no desenvolvimento dos sistemas, para que o autoconsumo não seja apenas possível, mas massificado”.

Para a Statkraft, as energias renováveis são a ponte entre a coesão social e uma transição energética rápida e profunda, “devido ao seu cariz ambientalmente consciente”.

A nova edição do estudo sobre o cenário de baixas emissões demonstra que a meta de redução de 55% das emissões de CO2 é alcançável, sendo a aposta em fontes de energia renovável e uma “eletrificação profunda” dos edifícios, dos transportes e da indústria fundamentais para a atingir e para descarbonizar esses mesmos setores.

O mercado de trabalho irá senti-lo colateralmente: de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), podem vir a ser criados 24 milhões de novos postos de trabalho no mundo até 2030, como consequência da implementação de políticas para lidar com a crise climática e do fomento de uma economia mais sustentável.

Nesse plano, a Statkraft diz que “tem mantido um compromisso firme em contratar talento português qualificado”. Acreditam que, “ao recorrer ao que Portugal tem de melhor – o seu talento –, [conseguem] impulsionar o negócio neste importante mercado”.

Atualmente, a sua equipa é composta por quatro colaboradores, mas a empresa espera aumentar esse número em breve. “Estamos a comprar transformadores à Efacec destinados a centrais solares fotovoltaicas da empresa localizadas em Espanha, o que nos possibilitará alocar recursos humanos a estes projetos”, diz João Schmidt.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), podem vir a ser criados 24 milhões de novos postos de trabalho no mundo até 2030, como consequência da implementação de políticas para lidar com a crise climática.

Já no plano ambiental e no que diz respeito ao envolvimento das comunidades, a Statkraft refere demarcar-se das restantes empresas de energia, afirmando que o ambiente tem sido a principal preocupação ao longo dos seus mais de 100 anos de história. “Queremos garantir que temos o menor impacto negativo na biodiversidade e contribuir para um futuro verde”, afirma o diretor de Desenvolvimento de Negócio da empresa em Portugal.

Complementarmente, procuram “envolver as associações ambientais e as comunidades locais nos projetos renováveis, oferecendo a estas últimas, em alguns casos, uma participação societária nos projetos que as afetam diretamente”.

Entre esses casos, estão a central Talayuela Solar, em Cáceres, e as plantas El Yarte e La Guita, em Cádis, projetos localizados em Espanha. Em Portugal, o negócio ainda está a ser estabelecido.

“Queremos garantir que temos o menor impacto negativo na biodiversidade e contribuir para um futuro verde”, afirma João Schmidt, o diretor de Desenvolvimento de Negócio da empresa em Portugal. 

Durante a construção da central Talayuela Solar, situada numa localidade onde vivem pessoas de 23 nacionalidades diferentes, 35% dos postos de trabalho criados foram ocupados por imigrantes ou membros da comunidade cigana, de acordo com os dados fornecidos pela empresa. Além disso, “quase 50% do total de postos de trabalho criados foram ocupados por pessoas com idades compreendidas entre os 30 e os 40 anos, e 22% por pessoas com idades compreendidas entre os 20 e os 30 anos”. Ao todo, o projeto contou com o apoio de 262 habitantes do município de Cáceres.

No segundo caso, a construção das plantas em Cádis, nos municípios de Jerez de la Frontera e San José del Valle, deu emprego a 450 pessoas durante 16 meses, nomeadamente a residentes desses municípios. Para a empresa, “esta aposta no emprego local incluiu 12 postos de trabalho diretos ao longo da vida dos projetos”.

Nos próximos cinco anos, os objetivos traçados pela Câmara Municipal de San José del Valle e a produtora de energia renovável no plano de intervenção social, que assinaram em 2022, passam por melhorar as condições de vida dos residentes e impulsionar a formação de estudantes no setor das energias renováveis.

João Schmidt esclarece que as energias renováveis “não são apenas mais baratas do que as energias fósseis, como são também autóctones, não estando suscetíveis a confrontos geopolíticos”.

Para a Statkraft, as energias renováveis são a ponte entre a coesão social e uma transição energética rápida e profunda, “devido ao seu cariz ambientalmente consciente”, e os atuais desafios económicos e geopolíticos não parecem fazer-lhes frente nas trajetórias desenhadas neste último relatório. João Schmidt esclarece que as energias renováveis “não são apenas mais baratas do que as energias fósseis, como são também autóctones, não estando suscetíveis a confrontos geopolíticos”.

Acreditam por isso “que as energias limpas promovem uma transição energética eficaz e inclusiva, essencial para um amanhã descarbonizado alinhado com os objetivos sustentáveis delineados”.

A Statkraft é a maior produtora europeia de energias renováveis e líder internacional na produção hidroelétrica. Além de produzir energia hidroelétrica, eólica e solar, produz energia a gás e fornece aquecimento urbano. É também líder de mercado em Power Purchase Agreements (PPAs).