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Pureza Fleming

Moda sustentável: marcas que apostam na reparação, reutilização e durabilidade das peças

5 Apr 2024 - 10:00
Num mundo onde as tendências da moda mudam à velocidade da luz, ditando também o ritmo do consumo, surgem cada vez mais vozes a apelar a uma abordagem mais sustentável e consciente. Algumas marcas têm vindo a liderar este caminho, não só através de métodos e técnicas de produção mais amigas do ambiente, mas sobretudo por abraçarem uma filosofia centrada na longevidade e reutilização das peças.

Um bom exemplo desta nova filosofia são os serviços de reparação de roupas e de calçado que estas marcas prestam aos seus clientes, promovendo a redução do desperdício e o prolongamento da vida útil dos produtos.

Conheça as propostas de algumas das marcas mais amigas do ambiente:

 

Patagónia

A Patagónia é uma marca de vestuário e equipamento outdoor, fundada em 1973 por Yvon Chouinard e reconhecida internacionalmente pela sua forte ética ambiental e compromisso com a sustentabilidade. As iniciativas incluem o uso de materiais reciclados, práticas de fabricação éticas e apoio a causas ambientais. É no entanto o serviço de reparação de peças com a etiqueta da casa, com o qual a marca foi pioneira, que aqui é destacado.

Pode iniciar a reparação através do seguinte link e acompanhar o processo passo a passo. Assim que a marca recebe o produto leva em média até 10 semanas para que este seja reparado e seja enviado de volta ao cliente. Como se pode ler na página em questão, reparar peças de vestuário pode ser “um ato radical”, porque “o melhor que podemos fazer pelo planeta é cortar no consumo e usar cada vez mais o que já temos”.

A Patagonia leva em média até 10 semanas para reparar as peças e enviá-las de volta ao cliente.

Veja

A Veja é uma marca francesa de calçado desportivo conhecida pela abordagem sustentável e ética na produção das suas peças. Fundada em 2005, por Sébastien Kopp e François-Ghislain Morillion, ganhou destaque pela transparência em relação aos materiais utilizados nos seus produtos, bem como pelas práticas de fabricação socialmente responsáveis.

Além de usar materiais sustentáveis, como algodão orgânico, borracha natural e couro de origem ética, evitando o uso de materiais convencionais associados a impactos ambientais negativos, a Veja também se destaca pelo seu compromisso com a justiça social, trabalhando com cooperativas de produtores no Brasil e no Peru, de maneira a garantir condições de trabalho justas e dignas para os seus colaboradores.

Em junho de 2020, a marca introduziu o projeto “Limpar, Reparar, Recolher“, oferecendo-se para limpar, reparar ou reciclar os sapatos dos clientes. Criou para isso uma rede de oficinas de reparação, formando diversos sapateiros para consertar as sapatilhas dos clientes, sejam elas Veja ou de outra marca qualquer. Como alertou o fundador da marca, Sébastien Kopp em entrevista ao GreenEfact, “há imensos sapatos que vão para o lixo devido a pequenos defeitos”, o que “não só é um problema em termos ambientais como um verdadeiro desperdício”, porque afinal, sublinha, “os ténis mais ecológicos são afinal aqueles que já usamos”

A Veja criou uma rede de oficinas de reparação, formando diversos sapateiros para consertar as sapatilhas dos clientes, mesmo as de outras marcas.

Nnormal

Fundada em 2022 pelo ultramaratonista catalão e ativista ambiental Killian Jornet, a Nnormal é uma marca de desporto outdoor que pretende mudar por dentro a filosofia do voraz mercado do calçado e equipamento desportivo, lançando coleções limitadas, unissexo e construídas para durar. Um conceito bem patente no documentário No Lost Shoes, produzido pela Nnormal e realizado pelo cineasta (e também atleta) americano Max Romey, que convida os consumidores a refletir e a reciclar todo o equipamento desportivo que já não usam ou cujo ciclo de vida foi concluído.

Um dos primeiros passos da marca foi a criação do programa No Trace, uma alternativa simples ao gesto de se deitar para o lixo sapatos, roupas e acessórios desportivos. O objetivo é claro: contribuir para a conservação do planeta.

Através desta campanha, a NNormal visa recuperar o maior número possível de sapatos usados, roupas e acessórios desportivos, para lhes dar uma segunda vida ou reciclá-los. Esta ação é possível através da colaboração com a ReCircle, uma organização que trabalha para promover a circularidade.

Em simultâneo, o calçado com a etiqueta NNormal pode ser remendado e reparado pelos parceiros da marca, na Vibram. A iniciativa apoia pequenas empresas independentes em toda a Europa e destaca o compromisso da marca partilhado de mudar a forma como os sapatos são fabricados e utilizados.

Através da campanha No Trace, a NNormal visa recuperar o maior número possível de sapatos usados, roupas e acessórios desportivos, para lhes dar uma segunda vida ou reciclá-los.

Fjällräven

Originária da pequena cidade de Örnsköldsvik, na Suécia, a Fjällräven é uma empresa de vestuário e equipamento de exterior comprometida em tornar a natureza mais acessível. Os produtos da marca são construídos para durar décadas, de modo a serem posteriormente passados à próxima geração ou vendidos no mercado de roupa em segunda mão.

Apesar de não ter um serviço de reparação de peças propriamente dito, no site da marca é possível encontrar uma área com inúmeras dicas de como cuidar, prolongar e/ou reparar as peças Fjällräven, de modo a fazê-las durar (até mais que) “uma vida”.

Os produtos da Fjällräven são construídos para durar décadas, de modo a serem posteriormente passados à próxima geração ou vendidos no mercado de roupa em segunda mão.