A nossa relação atual com o oceano é insustentável: As frotas pesqueiras estão a esgotar as unidades populacionais de peixes a um ritmo alarmante; a poluição de origem terrestre e os resíduos de plástico estão a criar vastos giros oceânicos; As alterações climáticas estão a provocar a acidificação dos oceanos e a subida do nível do mar, perturbando os ecossistemas marinhos.
Para navegar em direção a uma Economia Azul sustentável, a ciência e a inovação são cruciais. Eis como, em dois pilares eixo:
O fomento integral e compreensivo das práticas sustentáveis
Através da investigação científica, podemos avançar no desenvolvimento de métodos de pesca mais seletivos que minimizem as capturas acessórias prejudiciais. Ao mesmo tempo, permite-nos reduzir a utilização de antibióticos na aquacultura, promovendo práticas mais responsáveis e saudáveis para o ambiente marinho. Além disso, estamos a explorar sistemas inovadores de biorremediação, utilizando tecnologias avançadas para limpar a poluição e restaurar a saúde dos oceanos.
Apostar em energias renováveis
O oceano possui um vasto potencial para a produção de energia renovável, como a energia eólica offshore e a energia das ondas. A ciência e a inovação podem ajudar-nos a aproveitar este potencial de forma bastante mais eficiente
São já vários os exemplo de inovação em ação a nível europeu, eis alguns:
Campus mondial de la mer, França
Esta rede liga universidades, institutos de investigação e empresas da região da Bretanha. Partilham conhecimentos, colaboram em projetos de investigação e desenvolvem soluções inovadoras para atividades marítimas sustentáveis.
MaREI (Centre for Marine and Renewable Energy), Irlanda
O MaREI centra-se no desenvolvimento de tecnologias de energias renováveis para aproveitar o poder das ondas, marés e correntes oceânicas. Isto ajuda a reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e promove um futuro energético mais sustentável.
Centro de Aquacultura EXPOSED, Noruega
A Noruega é líder em aquacultura, mas os métodos tradicionais estão limitados a águas abrigadas. O EXPOSED tem como objetivo desenvolver tecnologias para a criação sustentável de peixes em ambientes oceânicos mais adversos, expandindo as possibilidades da indústria e minimizando o impacto ambiental.
Embora promissora, a Economia Azul está a navegar em mares turbulentos. A pandemia teve um impacto significativo no financiamento da investigação, com uma queda estimada de 10% nos investimentos em ciência e tecnologia em 2020.
Por outro lado, a falta de políticas e regulamentos eficazes representa um grande desafio para a economia azul. A sobrepesca, a poluição marinha e a perda de biodiversidade são exemplos de problemas que exigem uma abordagem regulamentar mais sólida. A natureza transnacional dos desafios da economia azul exige uma resposta global coesa. Desta forma, a Década das Nações Unidas para a Ciência dos Oceanos (2021-2030) oferece uma oportunidade crucial para reforçar a cooperação internacional e construir um futuro sustentável para os oceanos.
Para que possamos medir o impacto, veja-se que a economia global dos oceanos está estimada em 3 mil milhões de dólares e emprega cerca de 350 milhões de pessoas. Estima-se que a produção de produtos do mar terá de aumentar 60% até 2050 para satisfazer a crescente procura mundial. A energia renovável dos oceanos tem potencial para fornecer até 10% da procura global de energia até 2050.
A Década das Nações Unidas para a Ciência dos Oceanos representa um momento crucial para mobilizar a comunidade mundial e construir um futuro sustentável para os oceanos. Através da intensificação da investigação, da implementação eficaz de políticas e da colaboração internacional, podemos enfrentar os desafios da Economia Azul e construir um futuro próspero para as gerações vindouras.