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Bernardo Simões de Almeida

Sete empregos que deixarão de existir devido à Inteligência Artificial

24 Apr 2024 - 09:00
Numa época em que a sustentabilidade é palavra de ordem nos mais diversos setores da sociedade, é preciso entender o impacto da automação e da IA na sustentabilidade laboral, saber quais os empregos poderão vir a ser extintos e aqueles nos quais o ser humano será substituído. Será afinal o futuro assim tão sustentável para todos? Segue-se uma lista de alguns trabalhos em vias de desaparecimento.

1 – Moderadores de conteúdo

O moderador de conteúdo é um emprego recente, resultante da ascensão das redes sociais e da interação digital. De acordo com o site brandminds, 95% dos conteúdos já é visto e moderado com recurso à IA. Apesar disso é uma indústria altamente rentável que poderá chegar aos 13 biliões de dólares até 2027. O próprio dono do Facebook, Mark Zuckerberg disse, numa audiência do Congresso americano, em 2021, que cerca de 99% do conteúdo a fazer apologia do terrorismo já é eliminado pela IA.

De acordo com o site brandminds, 95% dos conteúdos já é visto e moderado com recurso à IA.

2 – Revisor de texto
Com várias tarefas a seu cargo, como a verificação de erros gramaticais, pontuação ou adequar a terminologia para o público-alvo, o revisor tem um papel crucial no processo de elaboração de um texto ou de um artigo. Porém são cada vez mais os assistentes digitais que fazem esse trabalho. Ainda que careça de uma supervisão humana, certamente que serão cada vez menos as pessoas a trabalharem neste setor.

São cada vez mais os assistentes digitais a desempenhar o trabalho de revisão de texto.

3 – Serviço de Apoio a Cliente

Este emprego habitualmente presente no setor retalhista, hospitalidade ou telecomunicações tem uma força de trabalho bastante grande. Só nos EUA são mais de 130 milhões de pessoas. Ao dia de hoje e de acordo com o portal Totaljobs existem quase 20 mil vagas para este setor só na zona Euro. No entanto, os assistentes virtuais e chatbots também já fazem parte do quotidiano, como se comprova pelos 23% de empresas com serviço de apoio a cliente que os usam. As marcas de retalho online são, de acordo com o site ServiceBell, as empresas que mais aceitação obtêm por parte do consumidor para o uso desta ferramenta.  O site colorlib prevê que as receitas geradas pelo uso de chatbots poderá chegar, em 2025, a 1,25 biliões de dólares. Embora o contacto humano seja ainda privilegiado, pois a compreensão emocional tem um papel importante na eficácia do serviço de apoio ao cliente, as tarefas mais repetitivas serão efetuadas pelas IA, o que terá um impacto na empregabilidade neste setor – que será tanto maior quanto mais a IA se desenvolva.

 

Apesar de ser um dos setores com maior empregabilidade, os assistentes virtuais e chatbots também já fazem parte do quotidiano dos serviços de apoio a clientes.

4 – Táxistas e motoristas de TVDE

Os taxistas e, em anos mais recentes, os TVDES, circulam nas nossas estradas todos os dias, fazendo parte dos empregos tradicionais a que estamos acostumados e cujo a utilização é diária. Contudo, alguns passos estão já a ser dados rumo à automação. A marca Tesla, que pertence ao bilionário Elon Musk, deu já o primeiro ao combinar a IA com a automação. Na capital chinesa, Pequim, existem já duas empresas autorizadas para implementar táxis com um nível de autonomia bastante alto, embora ainda haja a necessidade de um supervisor a bordo do veículo. O site replacebyrobot dá como certa a substituição do taxista atual pela automação, baseado num estudo da universidade de Oxford sobre o futuro da empregabilidade. Se alargarmos esta ideia de automação aos camiões, autocarros e comboios, as vagas para humanos irão certamente ser muito poucas.

Em Pequim existem já duas empresas autorizadas para implementar táxis com um nível de autonomia bastante alto, embora ainda com a necessidade de um supervisor humano a bordo do veículo.

5 – Bibliotecários

A biblioteca digital é já uma realidade onde convergem, livros, artigos, revistas, gravações e pesquisas académicas. Existem algumas de acesso gratuito como a Digital Public Library of America, ou o Project Gutenberg. A automação do digital elimina (ou eliminará progressivamente) a necessidade da ida física à biblioteca e a interação com um bibliotecário, que é substituído pelo motor de busca interno da qualquer biblioteca digital.

 

A automação do digital elimina (ou eliminará progressivamente) a necessidade da ida física à biblioteca e da interação com um bibliotecário.

6 – Trabalhadores de Fast Food

São cada vez mais as cadeias de fast-food que usam uma combinação entre a IA e a automação para o registo de pedidos, preparação e entrega deste tipo de refeição. Marcas como a Chipotle, utilizam robots para tarefas como fritar batatas fritas ou descascar abacates. A própria McDonalds tem, desde 2022, um restaurante na região do Texas que é largamente automatizado, onde a operadora de caixa já não existe e os famosos hambúrgueres são cozinhados por robots. A automação neste setor parece inevitável.

São cada vez mais as cadeias de fast-food que usam uma combinação entre a IA e a automação para o registo de pedidos, preparação e entrega deste tipo de refeição.

7 – Operadores de Caixa
Este é seguramente o tipo de emprego cuja transição para o automatismo está já em largo curso. É muito comum existirem, em quase todos os supermercados portugueses, as secções de self-checkout. De acordo com o site ginux.org as estatísticas apontam que 73% dos consumidores a nível mundial prefere o uso desta opção, sendo já a mais prevalente para as pessoas da chamada Geração Z.  A cadeia de supermercado britânica Sainsbury reportava, em 2023, uma redução de tempo de espera na ordem dos 70% nas lojas onde o self-checkout estava implementado. Embora existam ainda alguns operadores de caixa, é certo que são em número cada vez mais reduzido e em breve serão apenas supervisores da caixa automática.

Os operadores de caixa já são em número cada vez mais reduzido e em breve poderão passar a ser apenas supervisores de caixa automática.

Estes são apenas alguns exemplos de como empresas, governos e sociedade civil terão de pegar no tema da sustentabilidade laboral e criar estratégias para lidar com o desemprego que a automação e IA vão causar num futuro cada vez mais próximo.