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Miguel Judas

Refugiados climáticos: quando fugir é a única alternativa para sobreviver

19 Oct 2023 - 02:15
O agravamento das alterações climáticas está provocar o aumento do número de pessoas que é obrigada a abandonar o local onde vive. O fenómeno tem um impacto especialmente preocupante junto das crianças

A definição de “refugiado” aplica-se a uma pessoa que é forçada a sair do seu país com medo fundado de perseguição ou ameaça devido a motivos como raça, religião, nacionalidade, pertença a um determinado grupo político ou social e devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados.

A expressão “refugiados climáticos” foi ganhando espaço nos media com o aumento de deslocações de pessoas devido a episódios extremos provocados por episódios climáticos, como cheias, secas, tempestades, tremores de terra e outros fenómenos.

De acordo com estudos do Internal Displacement Monitoring Centre (IDMC), 376 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir do local onde viviam desde 2008.

Em 2022, o número de refugiados climáticos atingiu os 32.6 milhões.

Número de deslocados climáticos

(milhões de pessoas)

 

Número de refugiados por fenómeno climático

(2016-2021, milhões de pessoas)

 

 

 

Quase 95% das deslocações de crianças foram motivadas por tempestades e cheias.

Segundo um relatório da UNICEF, 43,1 milhões de crianças foram obrigadas a fugir de casa devido a questões climáticas nos últimos seis anos. “Quase 95% dessas deslocações foram motivadas por tempestades e cheias”, pode ler-se no documento.

Número de crianças deslocadas por região

(2016-2021)

 

 

A UNICEF faz as seguintes recomendações para reforçar a proteção das crianças:

  • Proteger crianças e jovens dos impactos das mudanças climáticas e do deslocamento, garantindo que os serviços essenciais para crianças sejam responsivos, portáteis e inclusivos para crianças já desenraizadas.
  • Preparar crianças e jovens para viver num mundo em mudança climática, melhorando as suas capacidades adaptativas, resiliência e possibilitando de participação.
  • Priorizar crianças e jovens – incluindo aqueles já deslocados de suas casas – nas políticas, ações e investimentos climáticos, humanitários e de desenvolvimento.
Um relatório do Banco Mundial estima que haverá mais de 200 milhões de refugiados climáticos em 2050.

Um relatório do Banco Mundial estima que haverá mais de 200 milhões de refugiados climáticos em 2050.

Três quartos movimentar-se-ão entre regiões dos seus próprios países, ao passo que os restantes procurarão abrigo noutros países.

Um think tank australiano, o Institute for Economics and Peace (responsável pelos conhecidos índices de paz e terrorismo globais), chega ao número mais pessimista de 1,2 mil milhões, ao somar os refugiados causados por tumultos regionais com origem em pressões climáticas.

Países com mais refugiados climáticos em 2022, de acordo com relatório Internal Displacement Monitoring Centre.

  • Paquistão: 8,1 milhões
  • Filipinas: 5,4 milhões
  • China: 3,6 milhões
  • India: 2,5 milhões
  • Nigéria: 2,4 milhões