De acordo com a Climate Action Against Disinformation (CAAD), uma coligação de Organizações Não-Governamentais que luta contra a desinformação sobre o clima, a partilha destes conteúdos distorcidos ou enganosos visa diminuir a confiança na ciência do clima, nas instituições, nos cientistas e nas soluções centradas no clima, ao deturpar dados científicos e ao divulgar falsamente os esforços de apoio aos objetivos climáticos.
Estes são alguns conceitos-chave relacionados com a desinformação sobre o clima:
Greenwashing – é uma técnica de marketing que se aproveita das preocupações ambientais e das expressões ecológicas comummente usadas para transmitir que o produto é verde, sustentável e/ou amigo do ambiente. Pretende-se associar quem o produz a boas práticas ambientais, promovendo falsas soluções para a crise climática que distraem e atrasam ações concretas e credíveis.
Por exemplo, a Natural Allies for a Clean Energy Future rotulou o gás natural, que iria substituir o carvão, como “a melhor maneira de reduzir as emissões, atingir os objetivos climáticos e alimentar o nosso futuro de forma fiável, limpa e acessível”. Contudo, o gás natural não deixa de ser um combustível fóssil, cuja queima é a principal responsável pelas alterações climáticas.
Outros exemplos de greenwashing incluem:
- o uso de selos sem certificação externa (por isso, sem validade do ponto de vista ambiental);
- a promoção de um produto com um único atributo ambiental, ignorando outros impactos que ele possa ter;
- a promoção de que o produto é biológico, carecendo de certificação;
- o uso de expressões ecológicas sem comprovação científica;
- a venda de um produto como reciclável, sem especificar se se trata do próprio produto, da embalagem ou de ambos;
- a alusão aos atributos de sustentabilidade de um produto, isolando-os das atividades da empresa (imagine-se uma peça de vestuário feita a partir de materiais reciclados que é produzida numa fábrica com elevadas emissões de CO2, que polui o ar e os cursos de água próximos).
O uso de expressões ecológicas sem comprovação científica é uma das técnicas mais recorrentes de Greenwashing, uma técnica de marketing que se aproveita das preocupações ambientais apenas para vender mais.
Woke-washing – é a apropriação da terminologia da justiça social e dos valores progressistas para reforçar a reputação de uma empresa, indústria ou entidade. A intenção é justificar a continuação da existência da indústria fóssil, apesar dos danos que ela causa.
Astroturfing – é uma atividade organizada que recorre a terceiros (robôs, números de telefone estrangeiros, sites políticos, entidades ou pessoas “secundárias”, camuflando, assim, os verdadeiros autores) para disseminar conteúdos falsos e criar a impressão de um movimento de base generalizado e espontâneo, de apoio ou oposição a algo. Estes grupos são financiados, muitas vezes anonimamente, pela indústria dos combustíveis fósseis e normalmente operam através de lobbying e de publicidade em nome da indústria.
Greenbashing – é uma técnica que destaca os custos associados aos esforços de descarbonização e enfatiza a necessidade de as empresas se concentrarem nos resultados financeiros, em detrimento dos fatores não financeiros. Além disso, é uma técnica usada pelas empresas para fazer lobby contra políticas orientadas para o ambiente.
Greenhushing – refere-se ao silêncio estratégico adotado por algumas empresas, para evitar o escrutínio relativamente aos objetivos climáticos e atividades de descarbonização – os chamados indicadores ESG, Environmental, Social and Governance. Define-se, assim, pela falta de transparência, por limitar a quantidade e a qualidade de informação disponível ao público.
Negacionismo climático – é uma corrente ideológica que recusa a evidência científica das alterações climáticas, posicionando-se ceticamente quanto ao aquecimento global e os seus impactos ou negando a intervenção humana enquanto principal responsável pelas alterações climáticas.
De acordo com o “Global Risks Report 2024”, publicado pelo Fórum Económico Mundial, a desinformação está no topo dos riscos globais em 2024 à medida que as ameaças climáticas se intensificam.