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Bernardo Simões de Almeida

O que é uma dieta amiga do ambiente?

13 May 2024 - 09:00
Tudo o que ingerimos tem um efeito no planeta, conforme as necessidades e vícios alimentares de cada um, mas como nem todas as pessoas têm a mesma genética, apetite ou sequer acesso aos mesmos produtos, nunca será possível comer as mesmas quantidades e tipos de alimento uniformemente. No que diz respeito à sustentabilidade, o melhor ponto de partida é mesmo ter consciência que os hábitos alimentares têm consequências.

É preciso perceber de antemão que uma dieta amiga do ambiente não se resume a comer melhores alimentos, cuja pegada carbónica até poderá ser menor. Para adotar uma dieta mais ética torna-se necessário ter em conta aspetos como a terra que se ocupa, a água que se gasta, o desperdício que cria e, se verdadeiramente queremos contribuir para a sustentabilidade, comprar localmente e evitar, por exemplo, o sobre-embalamento.

Contudo, é verdade que uma dieta mais sustentável, geralmente de, ou com uma grande quantidade de proteína vegetal, tem uma pegada carbónica mais baixa do que a aquela na qual o consumo diário de carne prevalece.

De acordo, com os resultados um estudo publicado em 2023 pela nature.com, com uma amostra de mais 50 mil adultos de mais 100 países, as emissões carbónicas de dietas vegetais são 70% mais baixas do que aquelas à base de animal.

O mesmo estudo indica que a quantidade solo necessário para produzir o equivalente a duas mil kcal é de 16 m2 para quem consome muita carne, contra 6 m2 para vegetarianos e apenas 4 m2 para quem adota uma dieta vegan. Ainda há que ter o impacto das dietas na biodiversidade. A dieta vegetal tem menos 64.8% de incidência do que uma dieta que contenha muito consumo animal.

As emissões carbónicas de dietas vegetais são 70% mais baixas do que aquelas à base de animal.

Outra fator que torna as dietas mais éticas é a compra local por parte do consumidor. Comprar localmente não tem só benefícios alimentares como o acesso a alimentos frescos, pois como estes não são transportados de e para grandes distâncias, há também um decréscimo direto no uso de combustível, geralmente fóssil, além, claro, do apoio ao comércio local, aos pequenos agricultores e às suas comunidades.

É importante ainda realçar o papel que a redução de desperdício pode ter dentro de um conceito amigo do ambiente. O World Resources Institute afirma que um terço dos alimentos produzidos à escala global é desperdiçado, equivalente a mais de 1 bilião de toneladas de comida.

Os custos deste desperdício são globalmente, acima de um 1 trilião de dólares todos os anos. Se este desperdício for reduzido, são já menos 10% de emissões de gás que não poluem a atmosfera, e 120 a 300 biliões de dólares que são poupados.

Comprar localmente não tem só benefícios alimentares como o acesso a alimentos frescos, há também um decréscimo direto no uso de combustível, geralmente fóssil, além, claro, do apoio ao comércio local.

Resumindo, uma dieta amiga do ambiente é um comportamento que acarreta várias escolhas responsáveis, acessíveis a todos. É uma dieta centrada na ética com o foco em algo maior, neste caso o planeta.

Porém, como indivíduos que formam comunidades e forçam mudanças através do exemplo, cabe a cada um a tomada de consciência de fazer escolhas em prol do ambiente, do qual todos fazemos parte.