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Pureza Fleming

Mais de 100 novas espécies descobertas no mar do Chile

25 Mar 2024 - 10:00
Lagostas de aspeto alienígena, esponjas, ouriços-do-mar, estrelas-do-mar e lírios-do-mar estão entre as mais de cem novas criaturas que poderão ter sido encontradas ao largo da costa do Chile, país considerado um caso de estudo em termos de proteção marinha. A notícia é do Washington Post e é, em simultâneo, uma lufada de ar fresco entre o rol de fenómenos naturais, quase sempre menos positivos, a que temos vindo a assistir.

Exploradores marinho ao largo do Chile poderão ter encontrado mais de 100 espécies completamente novas para a ciência, como se lê no artigo do Washington Post: “florestas de corais antigos; aglomerados de ouriços-do-mar com espinhos semelhantes a catos, como se um deserto tivesse sido inundado; jardins de esponjas vidradas, agarradas às encostas de uma cadeia montanhosa submarina que se eleva a milhares de pés do fundo do mar”… A costa chilena parece ser um vasto campo de descobertas.

A potencial descoberta das novas criaturas em 10 montanhas submarinas no sudeste do Pacífico não só acrescenta à compreensão da pura diversidade da vida marinha, como também mostra como as proteções oceânicas implementadas pelo governo chileno estão a trabalhar para reforçar a biodiversidade, um sinal encorajador para outros países que procuram fazer o mesmo nas suas águas territoriais.

“Cada montanha submarina tinha um tipo diferente de ecossistema”, disse Hannah Nolan, especialista em expedições e sensibilização comunitária do Instituto Oceanográfico Schmidt, a organização de pesquisa oceanográfica sem fins lucrativos que realizou a expedição, ao Washington Post.

Ao longo das montanhas submarinas que se estendem desde a costa da América do Sul até à Ilha de Páscoa, foram descobertas 40 espécies diferentes de esponjas-do-mar.

Ao implantar um robô submarino capaz de descer mais de quatro mil metros de profundidade, a equipa de pesquisa trabalhou de 8 de janeiro a 11 de fevereiro para trazer espécimes das profundezas à superfície. O sudeste do Pacífico, uma região geologicamente ativa, está repleto de fumarolas hidrotermais que ajudam a sustentar uma ampla variedade de vida.

Porém, só após analisar a estrutura corporal e os genes dos animais num laboratório em terra é que os cientistas poderão determinar se estas criaturas são, de facto, novas espécies.

A viagem ao longo das montanhas submarinas que se estendem desde a costa da América do Sul até à Rapa Nui, também conhecida como Ilha de Páscoa, foi um golpe de sorte para as esponjas do mar, disse ao Washington Post Javier Sellanes, cientista da Universidad Católica del Norte, que liderou a pesquisa. “Apenas duas espécies foram anteriormente relatadas corretamente para a área e agora encontrámos cerca de 40 espécies diferentes”, acrescentou.

Para se chegar às novas espécies foi necessário usar um robô submarino capaz de descer a mais de 4 mil metros de profundidade.

Entre a potencial vida marinha nova para a ciência estão esponjas brancas fantasmas e lagostas com olhos pequenos e pernas em forma de arpão, além de corais, ouriços-do-mar, estrelas-do-mar e lírios-do-mar.

A equipa explorou dois parques marinhos — Juan Fernández e Nazca-Desventuradas — onde o Chile restringiu a pesca. Mas também procuraram áreas fora das águas nacionais do país, numa zona de alto mar onde nenhum governo tem jurisdição.

Os defensores do oceano querem proteger estas montanhas submarinas em águas internacionais da pesca excessiva e da mineração no fundo do mar, estabelecendo uma nova área marinha protegida ao abrigo de um tratado das Nações Unidas assinado no ano passado. Em todo o mundo, as nações estão a propor proteger 30% dos oceanos do planeta até ao final da década, de maneira a conter a perda das últimas plantas e animais selvagens da Terra para a extinção.