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Miguel Judas

Do desperdício à bioenergia: 4 formas de contribuir para uma gestão mais eficaz de resíduos

1 Apr 2024 - 02:01
Só em 2022 foram produzidas mais de 5 milhões de toneladas de resíduos urbanos em solo nacional. A gestão destes resíduos torna-se assim uma das questões ambientais mais prementes, por ser um dos motores da economia circular, mas também por permitir a redução da dependência de recursos naturais e a mitigação da poluição. Mas como pode o cidadão comum contribuir para esta missão? Ficam algumas sugestões.

Em Portugal, de acordo com a Associação de Bioenergia Avançada, uma organização sem fins lucrativos constituída em 2019, com o objetivo de promover a bioenergia na transição energética para a economia circular, foram produzidas 5,323 milhões de toneladas de resíduos urbanos em 2022. Ainda segundo a ABA, isto traduz-se numa produção de “507 kg por habitante anualmente, sendo que 57% destes são depositados em aterros sanitários”.

Por isso, defende a ABA, pela voz da secretária-geral Ana Calhôa, “a gestão e devida transformação de resíduos com potencial energético torna-se cada vez mais imprescindível para garantir um futuro sustentável, fomentando a redução da dependência de recursos naturais e a mitigação da poluição ambiental”.

Em 2022, cada português produziu uma média de 507 kg de resíduos urbanos, dos quais 57% terminam em aterros sanitários.

A propósito do Dia Internacional de Resíduo Zero, celebrado a 30 de março, esta associação publicou algumas “medidas que todos os cidadãos podem adotar para ter um papel ativo na gestão de resíduos e, consequentemente, contribuir para a promoção da economia circular e para a preservação dos ecossistemas”. São elas:

 

Reduzir o desperdício e descarte incorreto de alimentos

Anualmente, cerca de 931 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados mundialmente, sendo o óleo alimentar o mais frequentemente descartado incorretamente. Considerando que grande parte destes resíduos orgânicos, como as borras de café, as margarinas, gorduras animais, resíduos de palha e molhos fora de prazo, podem ser reaproveitados e transformados em bioenergia, ressalta-se a importância da redução do descarte dos mesmos em aterros sanitários ou até mesmo esgotos.

 

Reciclar de forma adequada e consciente

A separação correta dos resíduos é um passo essencial para garantir que as matérias com potencial bioenergético chegam aos locais de tratamento adequados, sendo aproveitados para produzir novas fontes de energia limpa.

A reciclagem reduz a necessidade de extração de novas matérias-primas e minimiza os impactes ambientais associados à deposição em aterro ou à incineração. Além disso, a reciclagem contribui para a redução da poluição do ar, da água e do solo, decorrente dos processos de tratamento inapropriado dos resíduos.

para a secretária-geral da ABA, Ana Calhôa, “a gestão dos resíduos com potencial energético é cada vez mais imprescindível para garantir um futuro sustentável”.

Fazer a compostagem de resíduos orgânicos

A compostagem permite reduzir a quantidade de resíduos enviados para aterros sanitários, através da sua transformação em, por exemplo, adubos naturais que podem ser usados para enriquecer o solo.

A fase na qual Portugal se encontra no âmbito da separação e aproveitamento de biorresíduos ainda é embrionária, no entanto, os municípios estão a investir cada vez mais em soluções para promover a separação e aproveitamento destes resíduos. Atualmente, contamos com três Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos, que cobrem a totalidade do território continental através de 12 centros multimunicipais e 11 intermunicipais.

 

Informar-se sobre as práticas de gestão de resíduos

A consciencialização e a educação são fundamentais para promover mudanças de comportamento em relação à gestão dos resíduos e para desmistificar algumas noções sobre a bioenergia.

Todos podemos desempenhar um papel fundamental num amanhã livre do desperdício de resíduos, ao adotar práticas de consumo consciente, separar e reciclar resíduos adequadamente e apoiar iniciativas locais de reciclagem.

“A gestão correta de resíduos potencia o aproveitamento de diferentes matérias, com valor para a economia circular”, sublinha a ABA, cuja principal missão passa por “informar o consumidor e a sociedade para o impacto positivo dos biocombustíveis feitos a partir de resíduos para a mobilidade sustentável” e “como uma resposta acessível, imediata e eficaz na descarbonização”.