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Bernardo Simões de Almeida

4 Inovações em prol do Planeta

13 Apr 2024 - 09:00
As alterações climáticas, a sustentabilidade e a preservação do meio-ambiente são das causas que mais nos unem e necessitam do aparecimento de soluções credíveis e com capacidade de resposta para estas graves crises que a humanidade e o planeta enfrentam. Como poderá ser o caso de algumas inovações recentemente surgidas, que em seguida apresentamos.

A necessidade é o maior catalisador da inovação e do progresso que, com o desenvolvimento tecnológico, consegue extrair do engenho humano ideias fantásticas que se transformam em soluções que podem revolucionar o rumo dos acontecimentos.

Eis quatro inovações que podem ser a solução para alguns problemas bastante atuais – uma delas portuguesa.

 

1 – Diminuir a acidificação dos oceanos

A acidificação dos oceanos é uma das consequências das emissões de gases para a atmosfera, com consequências para a biodiversidade marítima e para as economias dependentes da qualidade dos oceanos.

Uma das soluções apontadas para diminuir a acidez dos oceanos é a alcalinização feita através da colocação de minerais diretamente na água. Porém, para que esta seja de facto uma solução eficaz, seriam precisos todos os anos, a injeção de milhares de minerais nos oceanos, o que é manifestamente muito difícil de concretizar.

Existe no entanto uma forma de ultrapassar este obstáculo. É uma tecnologia que, através de umas membranas iónicas num processo eletroquímico, consegue fazer a separação dos átomos da água.

Dá pelo nome de eletrodiálise de membrana bipolar e é uma solução promissora, com muitas aplicações possíveis. Contudo, carece de investimento amplo para que, de acordo com os autores desta técnica, possa dar o passo para o uso massificado.

A eletrodiálise de membrana bipolar é uma solução promissora para ajudar a combater a acidificação dos oceanos.

2 – Produzir hidrogénio limpo

A produção de hidrogénio é um dos caminhos apontados para a transição da energia extraída dos combustíveis fosseis, para as energias renováveis. No entanto, a produção de energia com recurso a este elemento é feita através do gás natural num processo que liberta CO² para a atmosfera.

Uma equipa de cientistas da Universidade de Texas, em Austin, EUA, está a estudar a hipótese de produzir hidrogénio a partir de pedras rica em ferro. Esta técnica envolve a estimulação de um processo geológico natural denominado deserpentização, que geralmente ocorre a altas temperaturas.

A equipa de cientistas espera conseguir, depois de ter recebido 1,7 milhões de dólares do departamento de energia americano, reproduzir este processo a baixas temperaturas, utilizando o níquel que, através da reação química, libertará hidrogénio.

Uma equipa de cientistas da Universidade de Texas está a estudar a hipótese de produzir hidrogénio a partir de pedras rica em ferro, através de um processo geológico natural denominado de “serpentização”.

3 – Usar os resíduos plásticos para combater a poluição

Os plásticos são uma preocupação constante. O seu refinamento emite cerca de 213 milhões de toneladas métricas de CO² todos os anos e demora quase 1000 anos a decompor-se.

Uma equipa de cientistas da Universidade de Hokkaido no Japão, desenvolveu um método que transforma o plástico, nomeadamente os sacos, num reagente que pode ser posteriormente utilizado para desintoxicar químicos perigosos.

O processo envolve o esmagamento dos sacos com uma bola de metal, criando rápidas reações em cadeia. A equipa por trás deste novo método acredita que o produto final pode ser utilizado, por exemplo, no tratamento de resíduos de DDT de uma forma eficiente e barata.

Este método desenvolvido no Japão transforma o plástico num reagente que pode ser posteriormente utilizado para limpar químicos perigosos.

4 – Criar carros cada vez menos poluentes

A indústria automóvel globalmente emite uma média de 3.5 biliões de toneladas métricas de C0² por ano. Este é um dos problemas que exige solução rápida e eficaz.

Os carros elétricos são já considerados um salto evolutivo na direção certa. Porém, os carros movidos a hidrogénio poderão representar o próximo passo em direção a um futuro mais limpo.

Nesse contexto, foi apresentado no final de março, o protótipo de um carro movido a hidrogénio criado por 49 estudantes portugueses do Instituto Superior Técnico. Tem um peso de 130kg, faz uso da tecnologia da célula de combustível PEM (Proton Exchange Membrane) e produz zero emissões para a atmosfera.

O protótipo de um carro movido a hidrogénio criado pelos estudantes do Instituto Superior Técnico pesa 130kg e produz zero emissões para a atmosfera. (foto: Victor Carreira / Técnico)