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Bernardo Simões de Almeida

10 mitos sobre as alterações climáticas

27 Mar 2024 - 10:00
As alterações climáticas decorrentes da pegada humana são um problema inadiável e a urgência dessa consciencialização é absoluta. No entanto, continuam a ser propalados alguns mitos que não só criam dúvidas como atrasam a resolução de algo que ameaça pôr em causa a existência da própria humanidade. Seguem-se alguns dos mais recorrentes.

1 – Não existe consenso científico e por isso não é factual que atividade humana esteja a contribuir em larga escala para as alterações do clima.

Facto: mais de 99% da comunidade científica concorda que a emissão de gases provindos dos combustíveis fosseis é um factor determinante para as alterações climáticas.

 

2 – Os vulcões também emitem gases nocivos para a atmosfera e o clima nunca mudou por efeito dessas emissões.

Facto: É verdade que a atividade vulcânica emite CO², cerca de 360M de toneladas. Porém, as emissões decorrentes da pegada humana emitem 100 vezes mais carbono para a atmosfera todos os anos.

 

3 – O clima está sempre a mudar, não há nada de diferente.

Facto: Sim, os estados climáticos são dinâmicos, mas as alterações nunca foram tão rápidas, sobretudo desde a Revolução Industrial e o começo das emissões de gases. Alem disso, desde 2014, as temperaturas aumentam consecutivamente.

 

4 – Os efeitos das alterações climáticos só irão aparecer daqui a muito tempo.

Facto: como é sabido, os efeitos já são palpáveis, como é o caso da acidificação dos oceanos, o aumento dos níveis do mar, ou mesmo o aumento de incêndios, cheias e desertificação.

 

5 – Um pequeno aumento da temperatura média global não tem grandes consequências.

Facto: A sensação de mudança térmica para o ser humano em apenas uns poucos graus, de facto não tem grande consequência. Porém, no que toca à biodiversidade, tem efeitos devastadores. A agricultura é outro sector vulnerável às alterações climáticas.

Apesar da energia do sol ter diminuído de intensidade nas últimas décadas, a temperatura do planeta tem aumentado devido ao calor preso na atmosfera, resultante das emissões de gases de estufa.

6 – Os seres humanos, plantas e animais podem adaptar-se às alterações climáticas.

Facto: De acordo com um relatório das Nações Unidas, os ciclos de vida dos animais e plantas, que outrora estariam em sintonia com os ritmos da natureza, estão a ser interrompidos pelas alterações climáticas e afetam particularmente as migrações e colheitas, o que por sua vez, tem efeitos na cadeia alimentar e Economia.

 

7 – Não podemos viver sem combustíveis fosseis.

Facto: Não é possível desistir do uso destes combustíveis de um momento para o outro. É possível e desejável diminuir os custos inerentes às energias renováveis e ao mesmo tempo expandi-las. É sobretudo uma questão financeira, mas o custo de nada fazer é bastante mais alto.

 

8 – É o sol apenas.

Facto: Totalmente falso. A energia do sol tem diminuído de intensidade desde os anos 80. O aumento das temperaturas é devido ao calor preso na atmosfera, por sua vez resultante das emissões de gases de estufa.

 

9 – É arrefecimento global e não aquecimento global

Facto: Em primeiro lugar há que diferenciar o tempo do clima. O primeiro refere-se às condições do tempo agora e ou nos próximos dias. O segundo é uma verificação média a médio e longo prazo das temperaturas e condições atmosféricas globais. Há ainda que considerar como as alterações climáticas aquecem umas regiões que por sua vez têm um efeito de arrefecimento noutras. É o caso do Ártico e da sua destabilização, que trouxe baixas temperaturas à região do Texas em 2021.

 

10 A Antártica está a criar gelo.

Facto: Em 2015 saiu um estudo no Journal of Glaciology que mencionava o crescimento de gelo na região da Antártica. Esse estudo, entretanto desmontado e desmascarado, teve um efeito viral na imprensa americana (sobretudo conservadora como seja a Fox News) e redes sociais. A questão central é que apesar de haver crescimento de gelo em algumas partes da região, não é o suficiente para cobrir o que entretanto já se perdeu nessa mesma região. Aliás, existem já zonas onde se verificou o crescimento de algas, que de acordo com um estudo publicado na nature communications, formaram já ligações com fungos e bactérias presentes no solo, naquilo que Matt Davey, um dos cientistas por trás deste estudo, diz ser “uma comunidade que tem o potencial de formar novos habitats”.