Como nasceu este projeto?
Nasceu da vontade de transformar o sector da construção num sector mais amigo do ambiente. O sentido de urgência nesta mudança acabou por ser o grande dinamizador deste projeto.
Quanto tempo foi necessário desde a ideia inicial até hoje?
Passaram 3 anos e foi processo foi constituído por diversas etapas, tais como: desenvolvimento e certificação do produto; preparação e “educação” do mercado; e, por último, o investimento e implantação de uma nova fábrica, que nos dará a capacidade de responder ao mercado ibérico.
Qual foi a etapa mais difícil?
Todos os projetos que pressupõem uma mudança de paradigma têm os seus obstáculos na mudança de mentalidades.
A nova fábrica, por ser absolutamente única no mundo e não ter por onde se replicar, exige um cuidado e responsabilidade ímpar, até pelo grande investimento que representa.
É complicado definir a etapa mais difícil neste processo porque todas tiveram os seus desafios. Por todo o impacto trazido ao mercado por este produto, podemos dizer que o saldo foi bastante positivo e gratificante, mas acima de tudo estamos obviamente bastante orgulhosos por poder contribuir de uma forma tão impactante no futuro de todos.
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Frederico Barreiro reconhece que “ainda é necessário desmistificar certos aspetos” relacionados com os produtos feitos à base de cânhamo.
Relativamente à matéria-prima, especificamente, o que leva cada bloco?
Cada bloco é constituído pela seguinte matéria-prima: aparas de cânhamo, cal e argila. A todos estes ingredientes é adicionada água e temos a nossa mistura pronta.
Existe alguma consternação legal para o cultivo?
Na nossa opinião, atualmente, a maior barreira ao cultivo do Cânhamo em Portugal acaba por ser o requisito de “compra pré-sementeira“. Ou seja, antes ainda do agricultor poder semear, ele tem que ter já um comprador assinado para o cânhamo. E foi isto que a Cânhamor veio revolucionar em Portugal, uma vez que a partir do final de 2024 vamos passar a ser também indústria transformadora. Com a nova unidade fabril teremos a capacidade de receber diretamente o cânhamo do campo e transformá-lo nas diferentes matérias-primas associadas como: apara, fibra e pó. Conseguimos, assim, garantir a compra da cultura produzida pelos nossos agricultores parceiros.
Este ano já foram plantados cerca de 250 hectares, mas esta nova fábrica terá capacidade para processar o equivalente a 1500 hectares/ano, por isso ainda há muita margem de progressão para o futuro.
Qual é a área de cultivo mínima para ser rentável?
Vai depender muito das condições iniciais de cada agricultor e do respetivo terreno.
Apesar do ano passado termos já feito alguns testes de cultivo, é diferente plantar cânhamo à escala industrial do que em testes. Dessa forma, só quando a colheita atual acabar, é que teremos dados da realidade portuguesa, uma vez que não se cultiva cânhamo à escala industrial há várias décadas em Portugal.
Dito isto, este ano estabelecemos uma área mínima de 20 hectares para fazer parcerias. É sempre necessário reforçar que dependerá das condições pré-existentes do próprio agricultor e do terreno.
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O investimento numa nova fábrica significa um aumentona capacidade de produção da empresa, que segundo Frederico Barreiro dará capacidade de responder às necessidades do mercado nacional e espanhol.
Qual é a duração média deste betão e as suas possíveis aplicações?
Embora este material já exista há algumas décadas, no mundo da construção acaba por ser algo relativamente novo. Em Portugal então, é extremamente novo! Dito isto, estamos a apontar 75-100 anos de vida útil. Apesar das nossas casas serem todas recentes (mais ou menos 2 anos), baseamos estes valores na experiência estrangeira (especialmente Canadá e França, países que possuem climas mais rigorosos) e em estudos científicos. Alguns estudos até consideram que o tempo de vida deste material poderá ser superior a 100 anos! Daqui a umas décadas teremos mais certezas.
Como explica a afirmação de que este material é um repelente natural?
Os nossos ECOblocos têm “um repelente natural” devido aos próprios componentes orgânicos do Cânhamo (como os terpenos). Contudo, este não é o único componente que contribui para este benefício, também o elevado pH obtido pelo uso da Cal Hidráulica, faz com que as pragas (ratos e insetos) não tenham qualquer “interesse” no nosso material.
Foram recentemente os vencedores dos prémios Tektónica e Consulai, quall foi a sensação?
Estamos muito orgulhosos de termos recebido estes dois prémios, são o resultado de todo o trabalho que temos desenvolvido nestes últimos 3 anos. Pretendemos continuar a inovar e a trabalhar para sermos cada vez mais reconhecidos, como uma empresa inovadora, sustentável e que pensa no futuro, principalmente das gerações vindouras.
![](https://greenefact.sapo.pt/wp-content/uploads/2024/05/canhamo-construcao.jpg)
Com os ECOblocos são retiradas inúmeras operações em obra, uma vez que representam “toda uma nova forma (mais simples) de construir”.
Será de facto possível que o betão de cânhamo seja uma alternativa em larga escala?
O investimento na nova fábrica significa um aumento incrível na capacidade de produção, que nos dará a capacidade de responder às necessidades do mercado, não só nacional, mas também espanhol.
Acreditamos com toda a convicção que a construção com os ECOblocos será o novo “normal”.
Como tem sido a adesão por parte da indústria?
A indústria apresenta-se recetiva aos nossos ECOblocos. Passados 2, 3 anos, a Cânhamor já não é um sonho, mas sim uma certeza, visto que podemos contabilizar mais de 60 casas concluídas e mais de centenas em processo construtivo.
Que desafios/dificuldades haverá para que isso seja uma realidade?
Apesar da recetividade que temos sentido por parte do sector, ainda é necessário desmistificar certos aspetos do nosso produto, tal como o seu método de aplicação. Mesmo podendo ser colocado de forma muito prática e rápida, ainda existe algum desconhecimento.
Com os ECOblocos, são retiradas inúmeras operações em obra, é toda uma nova forma (mais simples) de construir.
Acreditamos que, muito rapidamente, os ECOblocos serão considerados um material standard em qualquer obra.