\n
\u00c9 formada em design de moda, mas como surgiu em concreto o interesse pelo t\u00eaxtil e em particular pela tape\u00e7aria?<\/strong><\/p>\nDesde pequena que sempre me interessei muito por aprender t\u00e9cnicas\u00a0artesanais, como o crochet, e tudo o que envolvia fios e tecidos. Foi durante o curso que percebi que a \u00e1rea dentro do design de moda com a qual mais me identificava era a ilustra\u00e7\u00e3o e os t\u00eaxteis. J\u00e1 durante o mestrado decidi, com o consentimento dos professores, focar-me mais na \u00e1rea\u00a0do t\u00eaxtil e foi aqui que o meu caminho na arte t\u00eaxtil teve um in\u00edcio mais em concreto.<\/p>\n
<\/p>\n
Foi devido a esse interesse que decidiu focar a sua obra art\u00edstica na sustentabilidade dos materiais?<\/strong><\/p>\nA sustentabilidade e a ecologia sempre foram um ponto forte na minha abordagem, mesmo durante o curso de Moda. A\u00a0forma de produ\u00e7\u00e3o artesanal e feita a m\u00e3o e o uso de materiais naturais sempre foram a base do meu trabalho. O meu trabalho final de Mestrado foi o desenvolvimento de uma cole\u00e7\u00e3o de fios todos feitos a partir de l\u00e3, artesanalmente, e usando tintos naturais. O meu mestrado foi mergulhado nesta pesquisa fascinante, que acredito ter sido o ponto de partida para o que fa\u00e7o hoje em dia. Estes fios culminaram na cria\u00e7\u00e3o de uma pe\u00e7a de tape\u00e7aria, que foi a primeira obra de parede que desenvolvi. Mais tarde fui trabalhar para uma f\u00e1brica de tapetes e foi nesse momento que percebi a quantidade de desperd\u00edcio\u00a0(bom!) gerado pela ind\u00fastria t\u00eaxtil. Foi nesse momento que comecei\u00a0a incorporar este tipo de materiais no meu trabalho.<\/p>\n <\/div>\n\n
\n \n
<\/div> <\/div>\n <\/div>\n<\/div>\n\n
\n
\n
A sustentabilidade reflete-se de v\u00e1rias formas na obra de Vanessa Barrag\u00e3o, seja atrav\u00e9s das t\u00e9cnicas ancestrais e manuais, nos materiais reutilizados ou na mensagem que pretende passar atrav\u00e9s das pe\u00e7as. (Foto Claudia Gori)<\/p> <\/div>\n<\/div>\n\n\n\n
\n
\n
\n
Como \u00e9 que esse conceito de sustentabilidade \u00e9 aplicado na pr\u00e1tica no seu processo de cria\u00e7\u00e3o e de trabalho?<\/strong><\/p>\nA sustentabilidade est\u00e1 refletida\u00a0no meu trabalho de diversas formas: na forma de criar, utilizando t\u00e9cnicas ancestrais e manuais para a cria\u00e7\u00e3o das minhas obras; nos materiais que reutilizo, dando-lhes uma nova vida e tamb\u00e9m gosto de dizer que se reflete na mensagem que passo com as minhas obras.<\/p>\n
<\/p>\n
Em termos de conceito, a defesa do ambiente e a sensibiliza\u00e7\u00e3o para quest\u00f5es como as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas est\u00e3o muito presentes na sua obra, considera-se uma artista ativista?<\/strong><\/p>\nN\u00e3o\u00a0me considero uma artista ativista, uma vez que a sensibiliza\u00e7\u00e3o para as quest\u00f5es ambientais n\u00e3o \u00e9 o \u00fanico foco do meu trabalho.<\/p>\n
\u00c9 importante que os artistas, seja de que \u00e1rea forem, usem a sua arte para lutar pelo que acreditam?<\/strong><\/p>\nEu considero isso essencial. Na minha experi\u00eancia enquanto artista, o meu trabalho reflete aquilo em que acredito, \u00e9 a minha forma de exprimir aquilo que sou. As minhas pe\u00e7as s\u00e3o para mim o reflexo de todo o meu interior.<\/p>\n
<\/p>\n <\/div>\n\n
\n \n
<\/div> <\/div>\n <\/div>\n<\/div>\n\n
\n
\n
Aprendeu a fazer crochet ainda em crian\u00e7a com as av\u00f3s, que hoje s\u00e3o ambas suas colaboradoras no atelier que tem no Algarve. ((Foto Claudia Gori)<\/p> <\/div>\n<\/div>\n\n\n\n
\n
\n
\n
O que a inspira na hora de criar?<\/strong><\/p>\nO lugar, o espa\u00e7o e aquilo em que acredito naquele determinado momento da minha vida. Sair da “minha bolha” inspira-me imenso, ir para a natureza\u2026 fico cheia de ideias! Quando estou no atelier, os materiais s\u00e3o o meu ponto de partida e a partir da\u00ed\u00a0saem novas ideias, novas t\u00e9cnicas!<\/p>\n
<\/p>\n
Tem como principais colaboradoras no atelier as suas av\u00f3s. Porque \u00e9 que as convidou e como \u00e9 que elas encararam o desafio?<\/strong><\/p>\nAs minhas av\u00f3s e av\u00f4 fazem parte da minha equipa desde o primeiro dia! Foram elas que me ensinaram a fazer crochet quando era pequena, e acredito que elas foram as impulsionadoras para esta paix\u00e3o que eu tenho pela manualidade. Sinto que o meu trabalho lhes deu uma nova motiva\u00e7\u00e3o para a vida, elas sentem-se \u00fateis! Gostava de trazer esta nova vida a outros av\u00f3s num futuro pr\u00f3ximo.\u00a0Hoje em dia conto com uma equipa de 10 pessoas, que est\u00e3o ao meu lado todos os dias para tornar poss\u00edvel\u00a0todas as minhas ideias. A minha m\u00e3e e irm\u00e3 s\u00e3o parte desta equipa maravilhosa!<\/p>\n <\/div>\n\n
\n \n
<\/div> <\/div>\n <\/div>\n<\/div>\n\n
\n
\n “Na minha experi\u00eancia enquanto artista, o meu trabalho reflete aquilo em que acredito, \u00e9 a minha forma de exprimir aquilo que sou”. <\/div>\n<\/div>\n\n\n\n
\n
\n
\n
De que forma olha para a cada vez mais clara insustentabilidade da ind\u00fastria da moda e do t\u00eaxtil? Como uma das mais resistentes \u00e0 mudan\u00e7a?<\/strong><\/p>\nO fast fashion e a produ\u00e7\u00e3o em massa ir\u00e3o continuar a existir enquanto houver um p\u00fablico que compactue com essa din\u00e2mica. Acredito que estamos a caminhar para uma popula\u00e7\u00e3o mais informada e com mais consci\u00eancia\u00a0dos impactos que essas ind\u00fastrias poder\u00e3o ter em gera\u00e7\u00f5es futuras. Essa evolu\u00e7\u00e3o penso que est\u00e1 a acontecer, gosto de acreditar nisso! O meu papel enquanto artista tem sido tamb\u00e9m\u00a0nesse sentido, de ajudar nesta tomada de consci\u00eancia, para que haja de facto uma mudan\u00e7a de paradigma.<\/p>\n <\/div>\n\n
\n \n
<\/div> <\/div>\n <\/div>\n<\/div>\n\n
\n
\n
Vanessa Barrag\u00e3o tornou-se conhecida por criar tape\u00e7arias de grande escala a partir de desperd\u00edcios t\u00eaxteis e feitas atrav\u00e9s de t\u00e9cnicas ancestrais.<\/p> <\/div>\n<\/div>\n\n\n\n
\n
\n
\n
Que significado tem para si ter a obra Coral Vivo exposta em perman\u00eancia na sede das Na\u00e7\u00f5es Unidas, em Nova Iorque?<\/strong><\/p>\nEste \u00e9 um marco na minha carreira enquanto artista. \u00c9 um marco no meu percurso e um reconhecimento do meu pa\u00eds que irei guardar para sempre comigo. Esta pe\u00e7a ir\u00e1 viver para sempre naquele lugar. Um lugar que \u00e9 s\u00edmbolo de esperan\u00e7a e uni\u00e3o no mundo, n\u00e3o poderia estar em melhor lugar!<\/p>\n
<\/p>\n <\/div>\n\n
\n \n
<\/div> <\/div>\n <\/div>\n<\/div>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Com obras expostas um pouco por todo o mundo, a artista pl\u00e1stica algarvia Vanessa Barrag\u00e3o tornou-se conhecida por criar tape\u00e7arias de grande escala a partir de desperd\u00edcios t\u00eaxteis e feitas atrav\u00e9s de t\u00e9cnicas ancestrais, tendo quase sempre como ponto de partida conceitos como a sustentabilidade ou a defesa do ambiente. \u00c9 o caso da pe\u00e7a Coral Vivo, exposta em perman\u00eancia na sede da ONU, em Nova Iorque, como oferta do Estado portugu\u00eas e atrav\u00e9s da qual a pretendeu chamar a aten\u00e7\u00e3o para a \u201cimport\u00e2ncia e riqueza dos recifes de coral, um ecossistema com a maior biodiversidade do mundo\u201d. <\/p>\n","protected":false},"featured_media":5060,"template":"","categories":[316,301,17],"tags":[318,302,346],"acf":[],"yoast_head":"\n
Vanessa Barrag\u00e3o: \u201cN\u00e3o me considero uma artista ativista, mas a sustentabilidade est\u00e1 refletida no meu trabalho de diversas formas\u201d - greenefact.sapo.pt<\/title>\n \n \n \n \n \n \n \n \n \n \n\t \n\t \n\t \n \n \n\t \n