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Ana Calhôa

O que falta ensinar sobre energia?

6 Feb 2025 - 10:00
Aprendemos, desde cedo, que o plástico vai para o amarelo, o papel para o azul, e que plantar árvores é bom para o ambiente. Estas lições, que passaram a fazer parte do nosso quotidiano, ajudaram a moldar uma consciência ambiental indispensável para os desafios que enfrentamos. Mas, à medida que o mundo pede mudanças mais profundas, pergunto-me se não estará na altura de alargar o foco. Entre tantos gestos ambientais, será que não deixámos um tema essencial de fora?

A energia está em tudo. É o motor invisível que move as nossas vidas, desde o café quente da manhã à luz que acendemos à noite. E, no entanto, continua a ser um tema muitas vezes ausente das conversas sobre sustentabilidade.

Sabemos que devemos poupar eletricidade e que energias renováveis são o futuro, mas o que sabemos realmente sobre a produção de energia ou sobre o que podemos fazer, na prática, para utilizá-la melhor?

Um exemplo que ilustra bem esta lacuna é o conceito de bioenergia avançada. Imaginemos que os restos do seu jantar de ontem ou as algas do nosso oceano não terminavam simplesmente no lixo, mas se transformavam em algo de valor: energia limpa para abastecer casas ou até veículos. É precisamente isso que a bioenergia faz.

Mais do que uma ideia inovadora, trata-se de uma solução acessível, prática e que está intimamente ligada a outro tema que tem vindo a ganhar popularidade – a economia circular.

A economia circular defende que nada se perde e tudo se transforma, e a bioenergia é uma forma concreta de aplicar este princípio. Os resíduos que antes eram descartados passam a ser recursos, criando um ciclo virtuoso que beneficia não apenas o ambiente, mas também as comunidades.

Porque não falamos mais disto? Talvez porque a energia, apesar de essencial, é vista como algo técnico e complicado – e aqui está o equívoco.

Imaginemos que os restos do seu jantar de ontem ou as algas do nosso oceano não terminavam simplesmente no lixo, mas se transformavam em algo de valor: energia limpa para abastecer casas ou até veículos.

Ensinar sobre energia pode ser tão simples e envolvente quanto aprender a reciclar. Mais do que nunca, as comunidades precisam de compreender que a energia está diretamente ligada à sua qualidade de vida.

Quando investimos na educação e desmistificação da bioenergia avançada, estamos a reduzir dependências de combustíveis fósseis, a criar empregos locais e, paralelamente, a garantir mais resiliência para enfrentar as incertezas do futuro. Esta é uma mensagem poderosa que merece ser ensinada e amplificada.

Falar de energia não é apenas ensinar ciência. É ensinar cidadania, economia e esperança. É mostrar que, no ambiente, tal como na vida, há sempre novas possibilidades para reinventar o que parecia perdido.

Está na altura de passarmos esta lição adiante porque, mais do que mudar o mundo, precisamos de o entender melhor.