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Diogo Augusto

2024 foi mesmo o ano mais quente que há registo?

18 Jan 2025 - 10:00
Tanto o Serviço de Alterações Climáticas do Copernicus como a Organização Meteorológica Mundial confirmaram esta semana que, no ano passado, a temperatura média da superfície da Terra foi mais de 1,5C superior à temperatura média pré-industrial. Isso faz de 2024 o ano mais quente desde que há registos.
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O Serviço de Alterações Climáticas do Copernicus, o programa de observação do planeta da União Europeia confirmou que, pela primeira vez na história desde que há registos oficiais e fidedignos, a temperatura média da superfície da Terra foi mais de 1,5C superior à temperatura média pré-industrial. Tal faz de 2024 o ano mais quente desde 1850.

“Estas altas temperaturas globais, em conjunto com os níveis recorde de vapor de água na atmosfera em 2024, conduziram a ondas de calor sem precedentes e eventos de forte pluviosidade que causaram a miséria de milhões”, alerta Samantha Burgess, Diretora Estratégica para o Clima do Centro Europeu para as Previsões Meteorológicas a Médio Prazo (ECMWF).

A temperatura média do planeta foi, em 2024, de 15,10C, um aumento de 0,12C desde 2023, que era, até então, o ano mais quente dos registos. Em comparação com uma estimativa da média entre 1850 e 1900, isto significa um aumento de 1,6C.

Esta tendência não é recente. Os dez anos mais quentes dos registos são também os dez anos mais recentes. Em maio do ano passado registou-se o mês mais quente de sempre e no dia 22 de Julho os termómetros atingiram as temperaturas do dia mais quente desde que há registos.

Os dez anos mais quentes dos registos são também os dez anos mais recentes.

O Hemisfério Norte, e em particular o círculo polar ártico, mas também o círculo polar antártico, a Europa Central e o Pacífico ao largo do Japão foram as zonas as zonas do globo que registaram um maior aumento de temperatura.

O limite de 1,5C é particularmente simbólico porque é o alvo ideal determinado nos Acordos de Paris e corresponde ao aumento de temperatura máximo acima do qual os efeitos serão verdadeiramente catastróficos.

Os Acordos de Paris, no entanto, referem-se a valores médios de vários anos e não a variações mensais ou anuais. Ainda assim, o registo de meses e anos com variações acima deste valor são indicativos do ritmo acelerado a que o planeta está a aquecer.

O aumento das temperaturas da água dos Oceanos está diretamente relacionada com o aumento da violência de fenómenos climáticos extremos como furacões.

Também nos Oceanos se registaram temperaturas mais altas do que médias de anos anteriores com o Atlântico e o Índico em destaque. O aumento das temperaturas da água dos Oceanos está diretamente relacionada com o aumento da violência de fenómenos climáticos extremos como furacões.

“Todos os dados de temperaturas globais produzidos internacionalmente”, avisa Carlo Buontempo, Diretor do Copernicus, “mostram que 2024 foi o ano mais quente desde que começou a haver registos em 1850. A humanidade está encarregue do seu destino, mas a forma como respondemos ao desafio deve ser baseada na evidência. O futuro está nas nossas mãos – ações céleres e determinadas pode ainda alterar a trajetória do nosso clima futuro”.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirmou igualmente no início desta semana que 2024 foi o ano mais quente já registrado.

Ao analisar seis conjuntos de dados internacionais, esta agência da ONU assinala uma “sequência extraordinária” de temperaturas recordes da última década, com estes 10 anos a figurar entre os mais quentes nos registros globais, que remontam a 1850.

A temperatura média global da superfície no ano passado foi de 1,55 °C acima da média de 1850-1900 – segundo a OMM esta análise tem uma margem de erro de mais ou menos 0,13 °C.

Esta informação confirma que o mundo acabou de registar em 2024 “o primeiro ano civil com uma temperatura média global de mais de 1,5 °C acima da média de 1850-1900”.

Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, o aquecimento global é portanto um “facto nu e cru”, que exige “uma ação climática pioneira em 2025″.

O aquecimento global é portanto um “facto nu e cru”, como alerta o secretário-geral da ONU, António Guterres, para quem a meta de longo prazo não foi no entanto frustrada: “apenas é preciso lutar ainda mais para entrar no rumo certo”.

Para isso acontecer, o líder da ONU defende “uma ação climática pioneira em 2025, com planos nacionais para limitar o aumento da temperatura global de longo prazo a 1,5 °C e apoiar os mais vulneráveis ​​a lidar com os arrasadores impactos climáticos”.

“Ainda há tempo para evitar o pior da catástrofe climática, mas os líderes devem agir agora para o conseguir”, apelou.