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Pureza Fleming

Qual a diferença entre carbono neutro e carbono zero?

20 Jul 2024 - 09:00
Enquanto o termo carbono neutro envolve o compensar das emissões mas não necessariamente reduzi-las, o conceito de carbono zero exige uma diminuição drástica das mesmas, ainda que com algumas compensações de exceção permitidas. A neutralidade carbónica pode assim ser encarada como um primeiro passo em direção ao objetivo mais ambicioso de as reduzir.

Quando as empresas afirmam ser “carbono neutro”, estão geralmente a compensar as suas emissões de CO₂ com créditos de carbono, sem necessariamente as terem reduzido de forma significativa. O termo “carbono neutro” pode até não abranger todos os Gases de Efeito Estufa (GEE) emitidos; Ou sequer toda a operação da empresa, referindo-se apenas a determinados produtos ou serviços.

Segundo a International Standards Organization (ISO), ser “carbono neutro” implica estimar a pegada de carbono, tomar medidas para reduzi-la, e compensar as emissões restantes. Este processo requer um inventário das GEE emitidas, realizado anualmente e as empresas devem informar claramente o período contemplado pela neutralidade de carbono, pois há uma diferença significativa entre compensar as emissões de um único ano ou de vários.

A neutralização das emissões envolve a compra de créditos de carbono, que são registados e comprovados para o inventário contabilizado, podendo ser adquiridos através de exchanges, plataformas de trading de carbono ou diretamente com o mediador do crédito.

Segundo a International Standards Organization (ISO), ser “carbono neutro” implica estimar a pegada de carbono, tomar medidas para reduzi-la, e compensar as emissões restantes.

O termo “zero emissões líquidas de carbono” ganhou destaque em 2015, após Acordo de Paris, no qual mais de 190 países se comprometeram a atingir Net Zero até 2050, de forma a limitar o aquecimento global a 1,5°C.

O padrão Net-Zero do SBTi, lançado em 2021, fornece uma estrutura robusta para as empresas definirem metas mais alinhadas com ciência. Esta definição de Net-Zero implica reduzir as emissões dos escopos 1, 2 e 3 a um nível residual consistente com o objetivo dos 1,5°C, neutralizando quaisquer emissões residuais na data da meta e após isso.

De acordo com o SBTi, todas as emissões de GEE devem ser abrangidas, e as emissões devem ser reduzidas em pelo menos 90% para alcançar Net-Zero.

Em suma, as principais diferenças são:

  1. Foco na redução: O carbono zero (ou net-zero) coloca uma ênfase maior na redução das emissões na fonte, enquanto o carbono neutro pode envolver mais compensações.
  2. Resultado final: Ambos visam equilibrar as emissões com as remoções, mas o carbono zero (ou net-zero) busca minimizar as emissões ao ponto de serem quase inexistentes antes de considerar compensações.

Ambos os conceitos são importantes na luta contra as alterações climáticas, mas carbono zero (ou net-zero) é geralmente visto como um objetivo mais ambicioso e robusto, pois implica uma transformação profunda dos sistemas e das práticas empresariais para reduzir as emissões logo na sua origem.