Uma das ferramentas mais abrangentes que avalia a resiliência dos países face à crise climática é a Notre Dame Global Adaptation Initiative (ND-GAIN). Este índice classifica 181 países com base na sua vulnerabilidade e capacidade de adaptação às alterações climáticas, considerando fatores como a segurança alimentar, o abastecimento de água, a saúde pública, os serviços ecossistémicos e as infraestruturas.
No topo deste ranking, surge a Noruega, destacando-se pela forte política ambiental e pelo investimento em energias renováveis. O país comprometeu-se a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa em 55% até 2030 e, atualmente, 98% da sua eletricidade provém de fontes renováveis.
Seguem-se a Finlândia e a Suíça, que também apresentam altos índices de resiliência. A Dinamarca, conhecida pelo seu investimento em energias limpas, e Singapura, com os seus esforços em tecnologia sustentável, completam a lista dos cinco países melhor preparados.
A Noruega destaca-se pela forte política ambiental e pelo investimento em energias renováveis, tendo-se comprometido a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa em 55% até 2030.
Outra ferramenta útil neste contexto é o Climate Change Performance Index (CCPI), que avalia o desempenho dos países em relação às suas políticas climáticas e ao cumprimento das metas. Este índice concentra-se nos 60 países responsáveis por mais de 92% das emissões globais de gases de efeito estufa e, por esse motivo, não é tão abrangente como o da ND-GAIN.
As três primeiras posições da lista surgem vazias, já que o CCPI considera que nenhum país tem um desempenho suficientemente alto para entrar no pódio. Posto isto, a Dinamarca volta a destacar-se, ocupando o quarto lugar, seguida pela Estónia e pelas Filipinas. O top 10 é completado pela Índia, Países Baixos, Marrocos e Suécia.
A Dinamarca é uma presença recorrente nos primeiros lugares dos rankings sobre a resiliência dos países face à crise climática.
A par dos esforços de adaptação e mitigação, há outro fator preponderante na análise dos melhores países para viver face às alterações climáticas: a geografia. Um estudo do Global Sustainability Institute da Universidade Anglia Ruskin versou-se sobre isso mesmo, concluindo que a Nova Zelândia, a Islândia, o Reino Unido, a Austrália e a Irlanda apresentam vantagens geográficas face a outros países.
De acordo com a análise, estes cinco países têm uma elevada capacidade de carga, isto é, são capazes de abastecer a sua população sem comprometer os recursos naturais. A maioria tem uma população reduzida, uma grande percentagem de terras agrícolas e acesso direto ao mar, sugerindo uma riqueza em recursos alimentares.
Além disso, o seu relativo isolamento em relação a grandes massas de terra populacional pode protegê-los de instabilidades económicas e sociais que podem agravar-se com a crise climática.
Os países frios são frequentemente apontados como regiões com vantagens face às alterações climáticas.
Ainda no contexto da geografia, países frios são frequentemente apontados como regiões com vantagens face às alterações climáticas. De acordo com a Time, o Canadá, a Sibéria, partes da Rússia, a Islândia, os países nórdicos e a Escócia “vão continuar a beneficiar do aquecimento global”.
“A produtividade primária líquida do Ártico, ou seja, a quantidade de vegetação que cresce todos os anos, quase duplicará até à década de 2080, com o fim dos Invernos extremamente frios”, acrescenta a revista.
Apesar de “alguns desafios de adaptação”, Portugal surge relativamente bem posicionado, tanto no índice da ND-GAIN, como no CCPI.
E Portugal, como se posiciona?
Apesar de não gozar do mesmo destaque de alguns dos seus pares europeus, Portugal surge relativamente bem posicionado, tanto no índice da ND-GAIN, como no CCPI.
Na análise da ND-GAIN, que avalia a vulnerabilidade e a preparação dos países face às alterações climáticas, ocupa atualmente o 25.º lugar, apresentando uma tendência de melhoria ao longo dos anos e uma boa pontuação nos indicadores de saúde e infraestruturas. “Ainda existem desafios de adaptação, mas Portugal está bem posicionado para se adaptar” à crise climática, diz a ND-GAIN.
Já o CCPI, que avalia o “desempenho da proteção climática” dos 60 países com mais emissões, diz que, em 2024, Portugal apresenta um “bom desempenho”, ocupando a 13.ª posição. O país “obtém uma classificação média nas categorias Política Climática e Energias Renováveis e elevada em Utilização de Energia e Emissões de GEE”, escreve o CCPI.
Segundo este índice, as prioridades do país devem ser o reforço do “apoio às famílias com baixos rendimentos, uma eliminação mais rápida dos subsídios aos combustíveis fósseis e melhorias no setor dos transportes”.