No dia 6 de Setembro de 2023, umas semanas antes de “fechar” o Verão, Copérnico, o programa europeu de observação e monitorização do clima, anunciou que os meses de Junho, Julho e Agosto de 2023 foram os mais quentes desde que há registo. “A temperatura média global do ar na superfície durante agosto de 2023 foi de 16,82°C, 0,71°C mais quente do que a média de agosto de 1991-2020 e 0,31°C mais quente do que o anterior Agosto mais quente, em 2016”, refere o comunicado.
“Oito meses após o início de 2023, estamos a viver o segundo ano mais quente até à data, apenas um pouco menos do que 2016, e estima-se que Agosto tenha sido cerca de 1,5°C mais quente do que os níveis pré-industriais”, comentou Carlo Buontempo, Diretor do Serviço Copérnico. O que estamos a observar, diz, não são apenas novos extremos, “mas a persistência destas condições recordes, e os impactos que estas têm nas pessoas e no planeta”.
O programa europeu de observação e monitorização do clima, anunciou que os meses de junho, julho e agosto de 2023 foram os mais quentes desde que há registo.
Ondas de calor, furacões, incêndios e inundações como na Líbia (com cerca de 25 mil mortes) são algumas das consequências de uma junção de fatores que causam estes fenómenos extremos.
Os dados de Agosto de 2023 “mostram condições mais secas do que a média na Península Ibérica, no sul de França, na Islândia e em grande parte da Europa Oriental. Grécia, Itália, França e Portugal registaram incêndios florestais significativos”, explica o comunicado de Copérnico. Por outro lado, também em Agosto deste ano registaram-se condições mais húmidas do que a média numa grande parte da Europa Central e da Escandinávia, muitas vezes com chuvas fortes que levaram a inundações. Nos EUA, em certas regiões do norte do país o aumento humidade deu-se devido ao furacão Hilary.
Também em agosto deste ano registaram-se condições mais húmidas do que a média numa grande parte da Europa Central e da Escandinávia.
As subidas de temperatura são consideradas pelos cientistas como anomalias – diferença entre a temperatura real e a temperatura média de um determinado período de referência. A sua ocorrência é intensificada pelas alterações climáticas. Em Agosto, o jornal britânico “The Guardian” publicou um artigo onde recolheu o testemunho de 45 investigadores da área do clima. As previsões de há décadas estavam certas. Para eles, este é o novo normal, com consequências difíceis de prever.
A trajetória de subida de temperaturas tem sido a projetada. No entanto, as consequências têm sido piores, porque nunca é certo o impacto que uma onda de calor ou de um furacão pode ter. Depende das infraestruturas de cada região e da vulnerabilidade das populações.
Um dos cientistas entrevistados para o “The Guardian”, Michael Mann, da Universidade da Pensilvânia, EUA, afirma que: “há um equívoco, no entanto, de que estes eventos climáticos extremos constituem uma espécie de ‘tipping point’ que atravessamos. Eles estão diretamente ligados ao aquecimento da superfície, que é notavelmente constante, exceto pelas flutuações temporárias devidas a eventos como o El Niño.”
A temperatura do planeta é determinada pelo calor retido, que por sua vez é resultado do aumento de gases com efeito de estufa emitidos pelas atividades humanas e, em menor grau, pela variação climática natural. Se por um lado as emissões de carbono estão em ascensão desde há várias décadas, por outro 2023 foi também um ano de El Niño, um fenómeno que aumenta a temperatura global, ao contrário de La Niña.
Não nos podemos esquecer que a maior superfície da Terra são os oceanos, e também eles estão a aquecer. As temperaturas do Oceano Atlântico Norte atingiram um novo recorde de 25,19ºC em 31 de agosto. A acompanhar o aumento das temperaturas do mar, está a perda de gelo marinho na Antártica.
O evento esporádico El Niño, causado pelo aquecimento das águas superficiais no Oceano Pacifíco, acrescenta calor a uma situação de aumento de temperatura global causado pelas emissões de gases com efeito de estufa. O resultado são condições meteorológicas extremas, como temos assistido em diferentes sítios do planeta.
As temperaturas médias globais da superfície do mar também bateram o recorde anterior, registado em março de 2016.
O ano de 2016 continua a ser o mais quente alguma vez registado, devido ao El Niño de 2014 a 2016. Atualmente, este fenómeno natural está novamente a criar condições para 2023 ser o ano mais quente, com ondas de calor recorde em terra e nos oceanos. As temperaturas médias globais da superfície do mar bateram o recorde anterior, registado em Março de 2016. O pico do efeitos do El Niño será em Dezembro, com impactos mais acentuados na América do Sul. Será mais uma experiência de um extremo vivida pela humanidade.