Todos os anos, a mancha de plástico concentrada no Oceano Pacífico aumenta. Em agosto de 2023, a organização Ocean Cleanup removeu 50 toneladas de lixo desta “ilha” com milhares de quilómetros, 17 vezes o tamanho de Portugal.
Prevê-se que até 2050 possa existir mais plástico do que peixes nos oceanos. É uma visão aterradora, mas que reflete a evolução das últimas décadas, desde que se inventou este material, que teve tanto de revolucionário como de poluidor. Já não vivemos sem ele, mas podemos ser engolidos por ele. Estima-se que entre 5 e 13 milhões de toneladas de plásticos cheguem aos oceanos todos os anos. Atualmente, representa 80% do lixo marinho.
De onde vem, afinal, todo este plástico?
Um pouco de todo o lado, devido à falta de legislação e de fiscalização nos oceanos, mas na verdade a maior parte do plástico que desagua nas grandes superfícies de água tem origem em dez rios: Yangtze, Indus, Yellow, Hai He, Ganges, Pearl (rio das Pérolas), Amur, Mekong (estes oito na Ásia) e Nilo e Niger (em África). No entanto, existem muitos outros rios que acumulam e transportam plástico de todo o tipo de resíduos durante quilómetros, como é o caso do Motagua, na Guatemala.
A grande quantidade de plástico que desaba nas grandes superfícies de água tem origem em dez rios: oito deles situados na China
Em comum, estes grandes rios têm falhas graves de regulação que os impeça de serem usados como lixeiras. Têm também uma elevada densidade populacional nas suas margens (mais de um terço da China vive junto ao Yangtze) e problemas sanitários. Quase todos percorrem países pobres, com fracas condições habitacionais e estruturais, entre elas a gestão de resíduos e de aterros.
E se, por um lado, o plástico é deixado nestes países (em muitos casos, são importadores de resíduos urbanos), por outro, os grandes produtores de plástico continuam a ser países como os EUA, Brasil e China. É por essa razão que muitos cientistas e investigadores da área marinha dizem que é fundamental criar limites à produção de plástico. Esse seria um dos passos para evitar que mais toneladas de plástico continuem a escoar dos rios para os oceanos todos os anos.