A mobilidade elétrica apresenta inúmeras vantagens, começando pela redução da utilização de combustíveis fósseis e das emissões de dióxido de carbono. É, portanto, um contributo para a adoção de energias renováveis e essencial para alcançar o objetivo definido pelo Pacto Ecológico Europeu de 2019: atingir a neutralidade carbónica, na Europa, em 2050. Esta transição energética pode ainda ser potenciada pelas empresas, substituindo as frotas por soluções de mobilidade elétrica.
Além disso, os veículos elétricos não ficam atrás dos carros convencionais em termos de desempenho; na verdade, chegam a superá-los. O arranque dos carros elétricos é muito superior, dado que o binário é constante e está permanentemente disponível.
Os custos de manutenção são também muito inferiores quando comparados com os dos carros tradicionais; pelo facto de não terem componentes mecânicas, há menos desgaste e necessidade de manutenção — saiba quanto pode poupar ao fazer a transição para o carro elétrico, através deste simulador da ChargeGuru.

Os custos de manutenção dos automóveis elétricos são muito inferiores quando comparados com os dos carros tradicionais
Em 2013, um estudo da Universidade do Minho intitulado de “Avaliação da viabilidade económica da aquisição de um veículo elétrico em Portugal”, fez uma comparação entre dois veículos existentes em Portugal: o Renault Fluence (veículo com motor de combustão) e o Renault Fluence Z.E. (veículo elétrico), tendo em conta diversos fatores tais como custo dos combustíveis, custo da eletricidade, custo de aquisição, entre outros. Na altura a conclusão foi de que, “do ponto de vista económico, ainda não era vantajoso adquirir um veículo elétrico em Portugal. Pelo facto de ser uma tecnologia que apresenta uma maturidade reduzida, os preços altos associados às baterias e à aquisição dos próprios veículos, bem como as autonomias reduzidas das primeiras, são prova de que existe um longo caminho a percorrer. Nas condições atuais, a aquisição de um veículo elétrico representa ainda um elevado custo para o consumidor e para a própria sociedade, quando em comparação com a aquisição de um veículo convencional. Apenas uma combinação possível, mas para já pouco provável, em que o custo de aquisição do veículo elétrico diminuiria 20%, tal como o custo de aluguer das baterias, estando ainda associado um aumento da eficiência do mesmo em 50%, colocaria o veículo elétrico a competir com qualquer outro veículo”.
O estudo concluiu ainda que “a utilização mais intensa do veículo elétrico atenua os custos fixos de aluguer das baterias, resultando em custos menores para maiores distâncias”.
O Estado português tem incentivado a compra de veículos elétricos por particulares através do Fundo Ambiental. Regulamentado pelo despacho n.º 5126/2023, de 3 de maio, em 2023, estão disponíveis dez milhões de euros para o apoio a “veículos de emissões nulas”, ou seja, veículos 100% elétricos. Quem comprar um carro 100% elétrico, pode candidatar-se a um benefício no valor de quatro mil euros. Mas o veículo tem de ser novo e não pode ter custado mais de 62.500 euros (com IVA incluído e outras despesas).
Há um limite total anual de incentivos: o apoio só abrange até 1.300 veículos elétricos ligeiros de passageiros. No que diz respeito a veículos ligeiros de mercadorias, o apoio vai até aos seis mil euros, mas o limite total anual de incentivos é de apenas 150. Pode fazer a candidatura ao incentivo através da página Incentivo pela Introdução no Consumo de Veículos de Emissões Nulas.
O Fundo Ambiental suporta também a tarifa da Entidade Gestora da Mobilidade Elétrica (EGME) aplicável ao Detentor de Pontos de Carregamento, durante dois anos. Esta medida prevê um incentivo 80% do valor de compra do carregador com IVA, num limite de 800 euros por equipamento e, ainda, 80% do valor da instalação elétrica para o carregador, incluindo o IVA, até ao máximo de 1.000 euros por lugar de estacionamento.
Mas atenção, este incentivo é apenas válido por um condómino, no caso dos carros elétricos para particulares e até dez incentivos por condomínio. O limite total deste apoio é de 270 incentivos. Quem carregar o veículo na rede de mobilidade elétrica nacional também terá direito a um desconto que se traduz em 0,1902 por cada carregamento.
O apoio é dado pelo Fundo Ambiental aos Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica (CEME) que o devem repercutir diretamente no valor cobrado aos utilizadores e identificar nas faturas emitidas.
Também existem incentivos fiscais: se comprar um carro elétrico, terá benefícios no que diz respeito aos impostos, seja em forma de isenções ou de redução de impostos. Este apoio cobre veículos 100% elétricos, mas também carros híbridos, fazendo com que os seus preços se tornem mais atrativos.
Saiba ainda que muitas câmaras municipais concedem benefícios aos seus munícipes detentores de veículos elétricos, por exemplo, a nível de estacionamento ou outros descontos.
Se estes incentivos são ou não suficientes, dependerá de cada um, mas convém não esquecer que a partir de 2035 a venda de carros a combustão será proibida por determinação europeia.