Plataformas digitais e iniciativas locais têm facilitado a transição para uma maior economia de partilha, permitindo que as pessoas partilhem desde automóveis e ferramentas até espaços de trabalho ou conhecimento. Modelos hoje tão populares como o carsharing (partilha de automóveis) ou o coworking (espaços de trabalho partilhados) são exemplos claros de como este conceito pode beneficiar tanto o ambiente como a vida em sociedade.
A economia de partilha contribui significativamente para a redução da pegada ecológica ao otimizar o uso de recursos já existentes, minimizando a necessidade de produzir novos bens, reduzindo o impacto ambiental associado à extração de matérias-primas, ao transporte e ao desperdício.
Em Portugal, existem diversas iniciativas que promovem esta abordagem. A Incentivar Partilha – Associação, por exemplo, desenvolve projetos que incentivam a partilha solidária, visando a coesão social e territorial, bem como a sustentabilidade ambiental. Um dos seus projetos, o Centro Incentivar a Partilha (CIaP), organiza ações de partilha solidária em várias áreas, criando um impacto positivo tanto na comunidade como no ambiente.
Além disso, o DES.PT – Diretório da Economia Social de Portugal regista e divulga organizações de economia social em todo o país, facilitando o acesso a iniciativas locais que promovem a partilha e a sustentabilidade.

A simples partilha de uma boleia a caminho do trabalho é um dos exemplos mais comuns de economia de partilha.
Se, por um lado, a economia de partilha ajuda a reduzir o consumo excessivo, por outro estimula a interação social. Estes modelos criam oportunidades para as pessoas se conhecerem e colaborarem, reforçando os laços comunitários.
Ou seja, partilhar recursos – seja uma boleia ou um espaço de trabalho –, torna as interações entre as pessoas mais profundas e significativas, não se limitando ao simples “bom dia” habitualmente dito ao vizinho. Este sentido de comunidade pode ser particularmente relevante em tempos de crescente individualismo e digitalização das relações.
A EAPN Portugal (Rede Europeia Anti-Pobreza) também tem promovido eventos para discutir a economia de partilha e incentivar a troca de experiências entre comunidades, destacando o seu potencial para gerar impacto social positivo.
Um estudo de 2021, intitulado de ”Contributo dos modelos de economia de partilha na sustentabilidade: paradigma português” e disponível no repositório da Universidade Católica Portuguesa, analisou qual o verdadeiro impacto deste modelo no contexto nacional.
A conclusão é que o modelo se está a consolidar enquanto solução eficaz para os desafios da sustentabilidade e da coesão social, pois ao incentivar uma utilização mais eficiente de recursos e ao fortalecer as ligações comunitárias, oferece um caminho promissor para um futuro mais equilibrado e sustentável.