O estudo foi publicado pelo think tank cooperativo New Weather Institute e inclui os valores das emissões associados aos negócios de patrocínios com grandes poluidores.
Os investigadores identificaram relações de parceria entre clubes e organismos de futebol com empresas como a Aramco (o gigante saudita do petróleo), a Emirates, a Etihad Airways ou a Qatar Airways.
No que diz respeito a clubes, o estudo associa oito milhões de toneladas de CO2e a contratos com o Paris St. Germain, o Real Madrid, o Manchester City ou o Arsenal.
“Apesar do apelo massivo e público global, o futebol está a ter dificuldades em lidar com o seu verdadeiro impacto ambiental devido às insuficiências nos dados e à exclusão de áreas fundamentais, especialmente as emissões patrocinadas”, afirmou Stuart Parkinson, da Scientists for Global Responsibility, uma organização britânica para a promoção de um uso ético da ciência e responsável pelo estudo.

O estudo agora conhecido apresenta provas convincentes de que o futebol é um grande poluidor e que a sua contribuição para as alterações climáticas está a crescer.
Se excluirmos estes patrocínios, a pegada carbónica do futebol estima-se entre os 13 e os 15 milhões de CO2e. Estas emissões devem-se essencialmente às deslocações de espetadores num desporto que está cada vez mais espalhado pelo globo.
O problema tem vindo a receber cada vez mais atenção e, já em 2024, 130 jogadoras femininas profissionais assinaram um documento pedindo o fim da parceria entre a FIFA e a Aramco. No ano anterior, depois de muitas críticas, a equipa alemã Bayern Munique terminou a sua parceria com a Qatar Airways.
“Este estudo apresenta provas convincentes de que o futebol é um grande poluidor e que a sua contribuição para as alterações climáticas está a crescer”, sublinha Stuart Parkinson. “Mostra também que há poucas indicações de que os seus decisores estejam preparados para avaliar devidamente o problema da poluição associada ao jogo, e ainda menos de que estejam a tomar as medidas necessárias”, acrescentou.

Em 2023, depois de muitas críticas, a equipa alemã Bayern Munique terminou a sua parceria com a Qatar Airways.
A ONU recomenda a redução das emissões de gases de efeito de estufa em 50% até 2030 e a neutralidade carbónica até 2040. Isto deve incluir os escopos 1, 2 e 3, ou seja, as emissões diretas, as emissões indiretas resultantes, por exemplo, da produção de energia que permite a atividade desportiva e, finalmente, as emissões das entidades conexas ao longo de toda a cadeia de valor.
Na verdade, a FIFA promoveu o campeonato do mundo de futebol do Catar de 2022 como sendo o primeiro evento do género a atingir a neutralidade carbónica. No entanto, algumas organizações, entre as quais o New Weather Institute, apresentaram uma queixa que incidiu sobre estas afirmações. O regulador, a Swiss Fairness Commission deu como provados os fundamentos da queixa.
O que se verificou afinal foi que o Mundial do Catar foi o mais poluente desde, pelo menos, o campeonato de 2010 em África do Sul. A FIFA proclamou que compensaria essas emissões comprando créditos de carbono, mas isto nunca chegou a acontecer.