Na sequência de uma série de 12 cimeiras, que decorreram entre 2019 e 2023 em diversos países, o evento The Ocean Race Summit chegará a Matosinhos em 2026 para evidenciar os principais problemas que afetam o oceano: falta de governação, falta de proteção e impacto das alterações climáticas.
“Há uma relação óbvia entre nós: a cidade de Matosinhos promove a economia azul, a pesca e pretende ser neutra em carbono até 2030. Este evento desportivo e a cimeira irão complementar a nossa estratégia e o nosso compromisso com a preservação do ambiente marinho — uma causa essencial para o nosso futuro.”, afirmou Luísa Salgueiro, presidente da Câmara Municipal de Matosinhos.
Numa iniciativa inédita no meio desportivo internacional, os organizadores da regata à volta do mundo The Ocean Race (ex-Whitbread Round the World Race, ex-Volvo Ocean Race) decidiram há já 10 anos utilizar a própria plataforma global propiciada pela regata para acelerar ações a favor do ambiente marinho.
Iniciado como um evento independente na edição 2014-15 da Volvo Ocean Race, durante a escala em Newport, Rhode Island, EUA, o The Ocean Race Summit tornou-se uma das ações mais importantes do programa de sustentabilidade Racing with Purpose lançado pela regata.
O anúncio da The Ocean Race Europe em Matosinhos, com a presença da velejadora Mariana Lobato, da investigadora do CCMAR Sandra Ramos. (foto: Francisco Teixeira)
Para além das cimeiras realizadas durante as escalas da regata à volta do mundo em 2022-2023, estas conferências foram realizadas em Estocolmo, Suécia, e nas Seichelles, em 2022; nas escalas da The Ocean Race Europe de 2021; em Newport, Rhode Island, EUA, em 2015, 2018 e 2020; em Haia, Países Baixos, 2018 e 2020; em Génova, Itália 2019; em Gotemburgo, Suécia, Cardiff, Reino Unido, e Hong Kong, China, todas em 2018; e na Cidade do Cabo, África do Sul, e Alicante, Espanha, em 2017.
Durante a edição 2017-18 da The Ocean Race, uma série de cimeiras reuniu um leque diversificado de participantes globais para apresentar soluções inovadoras para a crise do plástico nos oceanos e inspirar ações para ajudar a reverter esta questão urgente.
Como resultado destes eventos, os governos centrais, os presidentes de câmara e os governadores locais inscreveram os seus países, cidades e estados no programa Mares Limpos, enquanto empresas como a Volvo Cars assumiram compromissos públicos para reduzir a utilização de plásticos.
A edição de 2026 da The Ocean Race Europe fará sete escalas, uma delas em Matosinhos, onde também será sede da The Ocean Race Summit, uma iniciativa inédita no meio desportivo internacional, pelo modo como aproveita o mediatismo da competição para dar revlevo a temas ambientais.
As cimeiras apresentam Laboratórios de Ação inovadores, nos quais os participantes são dividos em grupos para analisar questões relacionadas com a saúde dos oceanos, com base nas melhores práticas de todo o mundo para criar caminhos e ações claras. O resultado até agora foi uma série de projetos de princípios apresentados em conjunto com a Assembleia Geral das Nações Unidas de Setembro de 2023, incluindo a questão de serem concedido ‘direitos legais’ ao oceano de forma a garantir o seu futuro.
Em colaboração com o projeto americano 11th Hour Racing, parceiro principal da The Ocean Race e parceiro fundador da Racing with Purpose, as cimeiras evoluíram para refletir a necessidade de alargar o foco além do plástico, em direção a outras questões igualmente importantes, relacionadas com a restauração da saúde dos oceanos.
As cimeiras apoiam o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 (ODS14) das Nações Unidas, para conservar e utilizar de forma sustentável os oceanos, os mares e os recursos marinhos. Esta meta sublinha que salvar o oceano deve continuar a ser uma prioridade e que a gestão cuidada deste recurso global essencial é uma característica fundamental de um futuro sustentável, tal como se reflete nos temas abordados nas cimeiras da The Ocean Race.
O Secretário Geral da ONU, António Guterres, a discursar numa das edições anteriores da The Ocean Race Summits. (foto: Sailing Energy – Thre Ocean Race)
Importante também é reconhecer os direitos do oceano e valorizar o mundo marinho, não apenas pelo que oferece, mas porque também deverá ter o direito de prosperar, sendo crucial para o futuro do planeta.
O ambicioso objetivo destas cimeiras é gerar apoio para uma Declaração Universal dos Direitos do Oceano. Para tal, já estão a decorrer trabalhos com decisores políticos de todo o mundo, de modo reunir os seus contributos e apoio, bem como para apelar aos fãs da The Ocean Race e ao público em geral para assinarem a petição (através da campanha One Blue Voice), apresentada à Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, em setembro de 2023.
Os organizadores das regatas e das cimeiras acreditam ter a oportunidade de causar um impacto significativo à escala global: “É um enorme desafio, mas alcançar o extraordinário está no nosso ADN”, declarou Richard Brisius, chairman da The Ocean Race.