A agricultura de precisão reúne um conjunto de ferramentas e tecnologias que permitem aos agricultores gerir as suas explorações de forma mais eficiente e sustentável. Com o uso de GPS, sensores e big data, esta abordagem possibilita uma monitorização detalhada das culturas, permitindo uma aplicação mais exata de recursos como água, fertilizantes e pesticidas. Tal não só reduz desperdícios, como minimiza os impactos ambientais. Em simultâneo, a análise de dados de satélites e o uso de drones são fundamentais para esta gestão precisa, auxiliando os agricultores a tomar decisões informadas com base em informações em tempo real.
A integração de drones e imagens de satélite na agricultura já é uma realidade e está a revolucionar a forma como esta é geridas. Drones equipados com câmaras de alta resolução e sensores especializados captam imagens aéreas detalhadas das culturas, monitorizando a saúde das plantas e identificando áreas que necessitam de atenção. As imagens, combinadas com dados de satélite, fornecem uma visão ampla e precisa das condições das culturas. Esta abordagem permite otimizar a gestão da irrigação, a aplicação de fertilizantes e o controlo de pragas, enquanto se detetam problemas precocemente, como doenças nas plantas ou infestação de pragas. A tecnologia de satélite oferece ainda dados valiosos sobre as condições climáticas e do solo, permitindo ajustes nos planos de manejo e práticas agrícolas.
Um exemplo desta inovação é o sistema VitiGEOSS, atualmente mais direcionado para o setor vitivinícola e que utiliza dados recolhidos em órbita pelos satélites Sentinel, combinados com sensores no terreno, para monitorizar e prever alterações climáticas, reservas de água e a evolução da vegetação. Este sistema, financiado por fundos europeus e avaliado em Portugal por um consórcio liderado pela Eurecat – Centro Tecnológico da Catalunha, promete aumentar os ganhos na indústria alimentar em até 20%, ao otimizar a gestão da água e a aplicação de químicos.
O sistema VitiGEOSS utiliza dados recolhidos em órbita pelos satélites Sentinel que, combinados com sensores no terreno, servem para monitorizar e prever alterações climáticas, reservas de água e a evolução da vegetação.
Outra inovação promissora é a tecnologia de vetorização de abelhas, que utiliza polinizadores naturais para distribuir agentes de controlo de pragas e fertilizantes diretamente nas culturas. Equipadas com pequenas bandejas, as abelhas transportam microrganismos benéficos ou pesticidas específicos enquanto polinizam as plantas.
Esta abordagem reduz a necessidade de aplicações químicas em larga escala, diminuindo o impacto ambiental e promovendo uma agricultura mais sustentável. Ao mesmo tempo, melhora a saúde das plantas e aumenta a produtividade, oferecendo uma solução ecologicamente responsável para a gestão de pragas e nutrientes.
Com a tecnologia de vetorização de abelhas, estes polinizadores naturais podem ser um aliado dos agricultores para distribuir agentes de controlo de pragas e fertilizantes diretamente nas culturas.
Sendo a sustentabilidade uma preocupação central na agricultura moderna, existem cada vez mais práticas que visam minimizar os impactos ambientais e promover a saúde dos ecossistemas, como é o caso da permacultura e da agrofloresta, práticas que replicam ecossistemas naturais, combinando árvores, arbustos e culturas de forma estratégica para maximizar o uso da terra e preservar a biodiversidade. Além de melhorar a fertilidade do solo e a retenção de água, estas técnicas promovem o controlo natural de insetos, reduzindo a necessidade de produtos químicos.
A agricultura vertical interna é outra solução cada vez mais explorada. Como o nome indica, consiste no cultivo vertical de plantas em ambientes controlados, como estufas, de forma a permitir uma produção mais eficiente em termos de espaço. Esta prática, que pode produzir até dez vezes mais numa determinada área de terra, também utiliza menos água (entre 70 a 95%) do que as explorações agrícolas tradicionais ao ar livre. Em Lisboa, por exemplo, a startup “Raiz” está a explorar o potencial da agricultura vertical para revitalizar diversos espaços urbanos subutilizados.
O montado alentejano é uma forma de agrofloresta, prática que replica um ecossistema natural, combinando árvores, arbustos e culturas de forma estratégica para maximizar o uso da terra e preservar a biodiversidade.
No que à gestão da água diz respeito, destacam-se ainda inovadores métodos de dessalinização e sistemas avançados de irrigação, como sensores inteligentes ou técnicas como a aquaponia e a hidroponia, que estão a tornar o uso deste recurso mais eficiente. Estas técnicas são especialmente importantes em regiões áridas e na agricultura urbana, onde a água é um recurso crítico e escasso.
A adoção de inovações tecnológicas e práticas agrícolas sustentáveis oferece benefícios significativos, tanto para a segurança alimentar global quanto para a preservação dos recursos naturais. Estas ações não só aumentam a eficiência e a produtividade das explorações agrícolas, como também ajudam a mitigar os efeitos das alterações climáticas.
Afinal, ao promover uma agricultura mais sustentável, estamos a proteger a fertilidade dos solos, a manter o abastecimento de água limpo e a preservar os ecossistemas, garantindo uma produção alimentar segura para as gerações futuras.